Liane Tarouco, a Mãe da Internet Brasileira, Partiu aos 78 Anos: Uma Vida Dedicada à Revolução Digital no País
Morre Liane Tarouco, pioneira da internet no Brasil

O Rio Grande do Sul — e o Brasil inteiro — perdeu um de seus maiores cérebros. Liane Tarouco, aquela que literalmente abriu as portas da rede mundial de computadores para o país, faleceu nesta quarta-feira (20), em Porto Alegre. Tinha 78 anos. A causa? Uma pneumonia, que complicou o estado de saúde da professora emérita da UFRGS.

Parece até clichê dizer, mas é a pura verdade: sem ela, talvez você não estivesse lendo isso agora. Nos anos 80, quando a internet ainda era um bebê gritando em inglês nos laboratórios americanos, Liane já estava lá, fuçando, estudando, traduzindo — e mais importante, implementando.

Uma Trajetória Que É Um Marco

Nascida em 1947, ela não era de TI. Formou-se em… Matemática! Mas foi a paixão pela comunicação entre máquinas que a levou a se especializar em processamento de dados na França, no começo dos anos 70. Quando voltou, trouxe na bagagem não só conhecimento, mas uma visão: a de que o Brasil precisava se conectar.

E assim foi. Na década de 1980, ela liderou a implantação da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), a espinha dorsal acadêmica que depois se transformaria na internet comercial que a gente conhece. Foi ela uma das responsáveis por trazer o primeiro link de internet para o Brasil, em 1991. Algo que, hoje, soa como pré-história digital.

“Ela era uma entusiasta, uma divulgadora incansável. Sempre acessível, sempre disposta a explicar o potencial daquela novidade chamada internet.” — relata um ex-colaborador, que preferiu não se identificar.

Muito Mais Que Uma Pesquisadora

Liane não ficou presa só na teoria. Foi professora do Instituto de Informática da UFRGS durante décadas, formando gerações de profissionais que hoje estão espalhados por grandes empresas de tecnologia no mundo todo. Escreveu livros, deu palestras, participou de congressos — sempre com um brilho nos olhos ao falar sobre redes e conectividade.

Ela também teve papel fundamental em eventos como a RNP Forum e na coordenação de projetos de e-learning, muito antes de a educação a distância virar moda. Visionária? Sem dúvida. Teimosa? Provavelmente — no bom sentido, claro.

O Vazio Que Fica

A notícia de sua morte correu rápido — ironicamente, pela mesma rede que ela ajudou a construir. Colegas, ex-alunos e admiradores lamentaram a perda nas redes sociais. A UFRGS ainda não se pronunciou oficialmente, mas a comoção é visível.

Liane deixa dois filhos, quatro netos e um legado que, convenhamos, é difícil medir. Como mensurar o impacto de ter colocado um país inteiro online? Como agradecer por ter acreditado na tecnologia quando ela ainda parecia coisa de filme?

O velório acontece nesta quinta-feira (21), no cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre. O horário? Das 9h às 11h. Uma despedida simples, para uma mulher gigantesca.

Descanse em paz, professora. A rede nunca vai se esquecer de você.