Meteoro e satélites Starlink iluminam céu do RS em evento raro
Meteoro e Starlink são vistos juntos no céu do Rio Grande do Sul

Um espetáculo celeste raro foi registrado no céu do Rio Grande do Sul na noite de quinta-feira, 18 de maio. Moradores de Santa Maria, na Região Central do estado, testemunharam a passagem de um meteoro seguida, poucos segundos depois, pela visão de uma sequência de satélites da constelação Starlink, da empresa SpaceX.

Fenômeno duplo no céu gaúcho

O evento foi capturado pelo Observatório Bate-Papo Astronômico, que registrou o meteoro às 20h26. Imediatamente após o rastro luminoso do meteoro desaparecer, uma fila de pontos brilhantes surgiu no firmamento, formando um traço contínuo de luz. A cena foi descrita por observadores como uma linha brilhante e compacta se movendo rapidamente.

Os satélites avistados fazem parte de um lote lançado pela SpaceX na quarta-feira, 17 de maio. O lançamento utilizou o foguete Falcon 9, que decolou da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, Estados Unidos. A Starlink é o braço da empresa de Elon Musk dedicado a fornecer internet via satélite para áreas remotas do planeta.

Por que os satélites são visíveis?

De acordo com especialistas do Observatório Bate-Papo Astronômico, é comum que satélites recém-lançados fiquem visíveis a olho nu, especialmente durante sua primeira órbita em horários favoráveis. “Já me aconteceu de ver na primeira órbita, só que eles ficam muito agrupados, é como se fosse só um risquinho, um pequeno tracinho andando no céu”, explicou o observatório.

O fenômeno da visibilidade ocorre devido a uma combinação de fatores:

  • Reflexo solar: Os satélites não emitem luz própria. O brilho visto é a luz do Sol refletida em suas superfícies, principalmente nos painéis solares. Em órbita, eles ainda estão iluminados pelo astro mesmo quando, na Terra, já é noite.
  • Órbita baixa: Os satélites Starlink operam na chamada órbita terrestre baixa, a cerca de 550 quilômetros de altitude. Essa proximidade, comparada aos 36 mil km dos satélites geoestacionários, os torna mais visíveis e também permite uma conexão de internet mais rápida.
  • Agrupamento inicial: Logo após o lançamento, os satélites permanecem próximos uns dos outros, na mesma órbita inicial, formando a característica “linha de pontos luminosos”. Com o passar das horas, eles começam a se dispersar para suas posições operacionais finais, quando praticamente desaparecem da vista terrestre.

O Observatório Heller & Jung, localizado em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre, também registrou a passagem desse mesmo lote de satélites na noite anterior, reforçando a ampla visibilidade do fenômeno no estado.

Tecnologia em movimento

A constelação Starlink é um projeto ambicioso para criar uma rede global de internet banda larga. Cada satélite é equipado com sensores de navegação e sistemas de propulsão que permitem manobras automáticas para evitar colisões com detritos espaciais e se posicionar na altitude e orientação ideais para transmitir o sinal.

A coincidência temporal entre a passagem do meteoro e dos satélites proporcionou um evento astronômico único para os gaúchos, unindo um fenômeno natural cósmico com um dos mais modernos empreendimentos tecnológicos da humanidade no espaço.