
A situação era preocupante, pra dizer o mínimo. Sabe quando você ouve falar de casos que parecem isolados, mas na verdade são a ponta de um iceberg perigoso? Pois é exatamente o que está acontecendo aqui na região de Campinas.
O Hospital de Clínicas da Unicamp acaba de receber um reforço crucial: cem ampolas de etanol farmacêutico. E não é qualquer etanol, não — estamos falando daquele grau hospitalar, puro, que pode fazer a diferença entre a vida e a morte em casos de intoxicação por metanol.
Uma corrida contra o tempo
O que muita gente não sabe — e é assustador — é que o metanol é traiçoeiro. Os sintomas iniciais? Bem parecidos com uma embriaguez comum. Só que depois... a coisa desanda feio. Pode levar a cegueira, danos neurológicos permanentes, e nos casos mais graves, ao óbito.
E olha só como as coisas funcionam: o etanol serve como antídoto porque compete com o metanol no organismo. Basicamente, ele "atrapalha" o processo de intoxicação. Mas precisa ser administrado rápido, tipo... ontem.
Capacidade multiplicada
Antes dessa doação, a Unicamp tinha estoque para apenas 10 testes. Dez! Parece pouco, né? E era. Agora, com as 100 ampolas, a capacidade de testagem deu um salto — estamos falando de 400 exames de dosagem etílica no sangue.
O professor e toxicologista Fábio Bucaretchi, que entende do riscado, foi direto ao ponto: "O diagnóstico preciso é fundamental. Sem ele, o tratamento fica no escuro." E nesse tipo de emergência, trabalhar no escuro não é uma opção.
O protocolo é claro: ao primeiro sinal de suspeita, já se coleta a amostra de sangue. Se o nível de etanol estiver baixo — menos de 20 mg/dL — e o paciente apresentar aqueles sintomas característicos, parte-se para a dosagem de metanol específica.
Alerta na região
O que está acontecendo não é brincadeira. Só no HC da Unicamp, já são três casos confirmados e outros dois sob investigação. Um deles, um homem de 42 anos, não resistiu. Morreu no último sábado, dia 4.
E não para por aí — a Vigilância em Saúde de Paulínia está acompanhando outros quatro casos suspeitos. Parece que o problema está se espalhando, e ninguém quer descobrir até onde pode ir.
O pior de tudo? A suspeita recobre sobre bebidas adulteradas circulando por aí. Aquela velha história de "o barato que sai caro" — só que neste caso, o preço pode ser a própria vida.
O que observar
Fique esperto com esses sintomas, especialmente se aparecerem depois de consumir bebidas alcoólicas:
- Visão embaçada ou turva — como se tudo ficasse meio nebuloso
- Dor de cabeça que não passa com remédio comum
- Tontura que vai além do normal
- Náuseas e vômitos persistentes
- Aquela confusão mental, dificuldade pra raciocinar
Se notar qualquer um desses sinais em você ou em alguém próximo, não hesite: procure atendimento médico imediatamente. Nesses casos, tempo é literalmente vida.
A doação veio do Centro de Controle de Intoxicação de São Paulo (CCI), que parece ter entendido a gravidade da situação. E a Unicamp, claro, não perdeu tempo — já está usando o material nas análises dos casos suspeitos.
No fim das contas, é uma daquelas situações que a gente torce para nunca precisar, mas que fica feliz em saber que existe quem esteja preparado. A saúde pública, com todos seus percalços, ainda mostra sua importância nos momentos decisivos.