
Imagine ter uma condição de saúde grave — daquelas que não podem esperar — e ouvir que sua transferência para um hospital especializado vai demorar três meses. Pois é, essa não é uma realidade distante, mas o cenário atual que pacientes do interior do Rio Grande do Sul enfrentam para conseguir atendimento em Porto Alegre.
O sistema, que já vinha dando sinais de cansaço, parece ter atingido um ponto crítico. Não se trata apenas de números ou estatísticas: são vidas penduradas em uma fila que não avança. Familiares desesperados, médicos frustrados e um tempo que insiste em passar.
O que está por trás da demora?
Não é segredo para ninguém que a saúde pública no Brasil sofre — e muito. Mas aqui no RS, a situação ganha contornos dramáticos. A Central de Regulação estadual, responsável por gerenciar essas transferências, simplesmente não consegue dar vazão à demanda.
Alguns fatores contribuem para esse colapso silencioso:
- Falta de leitos especializados
- Sobrecarga de hospitais de referência
- Deficiência na infraestrutura de saúde no interior
- E, claro, aquele velho fantasma: a falta de investimento contínuo
Não é exagero dizer que a situação beira o insustentável. Enquanto isso, pacientes com câncer, doenças cardíacas severas e condições neurológicas complexas seguem esperando. E esperando.
E as consequências?
Bem, elas são tão previsíveis quanto tristes. Com a demora, quadros que poderiam ser estabilizados se agravam. Muitos pacientes — pasmem — acabam retornando para casa sem o tratamento necessário, porque simplesmente não suportam esperar na fila.
É um daqueles casos em que a burocracia e a falta de recursos falam mais alto que a urgência médica. E olha que estamos falando de vidas, não de números em uma planilha.
Ah, e tem mais: mesmo quando a transferência finalmente é autorizada, não significa que o paciente será atendido imediatamente. Aí começa outra espera — dessa vez, por uma vaga na unidade de destino. É espera em cima de espera.
Existe solução?
Difícil dizer. O governo do estado alega que está trabalhando para ampliar a capacidade de atendimento, mas é aquela história: entre o discurso e a prática, existe uma fila de três meses.
Enquanto medidas efetivas não são implementadas, o que resta é cruzar os dedos e torcer para que o pior não aconteça. Porque no jogo da saúde, tempo é algo que ninguém tem de sobra.
E você, o que pensa sobre isso? Até quando vamos aceitar que pessoas em situação vulnerável fiquem à mercê de um sistema que não consegue responder?