
Imagine a cena: são quase três da madrugada, aquele cansaço que dói nos ossos, e você espera há horas por um atendimento que não vem. Foi assim que uma mulher, cuja identidade permanece desconhecida, explodiu de forma espetacular no pronto-socorro do Hospital Estadual de Franca.
Não foi um simples bate-boca ou uma reclamação educada. Ela simplesmente estourou. Pegou não uma, mas várias cadeiras da sala de espera e começou a arremessá-las com uma força que surpreendeu a todos que estavam ali. O barulho do metal batendo no chão ecoou pelo corredor, criando um caos momentâneo.
O que levaria alguém a ter uma reação tão extrema? Bom, segundo relatos de testemunhas e a própria assessoria do hospital, a tal espera era realmente longa - muito longa. Estamos falando de aproximadamente oito horas aguardando por uma consulta médica. Oito horas! Quem nunca ficou impaciente depois de meia hora numa fila?
O vídeo, que rapidamente começou a circular nas redes sociais, mostra a mulher vestindo roupas claras, num acesso de fúria quase incontrolável. Ela joga as cadeiras com ambas as mãos, uma após a outra, enquanto outras pessoas assistem à cena em choque e perplexidade. Uma verdadeira tempestade em forma de pessoa.
A segurança do hospital, é claro, foi acionada rapidamente. Os seguranças contiveram a situação e chamou a Polícia Militar, que registrou o ocorrido como um caso de distúrbio psiquiátrico. A mulher foi contida e, ironicamente, acabou sendo atendida pelos médicos do próprio pronto-socorro depois do incidente.
E aqui vem o detalhe mais preocupante: esse não é um caso isolado. O Hospital Estadual de Franca, que atende pelo SUS, vive constantemente superlotado. As filas são enormes, o tempo de espera é absurdamente longo e os profissionais trabalham sob pressão constante. É uma panela de pressão prestes a explodir - e dessa vez, explodiu literalmente.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que administra a unidade, emitiu uma nota dizendo que "repudia qualquer tipo de violência" e que está apurando os fatos. Mas a pergunta que fica é: até que ponto a própria estrutura deficiente do sistema de saúde contribui para esse tipo de situação extrema?
Várias testemunhas relataram que a mulher parecia estar em claro desespero antes do incidente. Alguns chegaram a dizer que ela tentou ser atendida várias vezes, explicando que sua situação era urgente, mas foi ignorada. Será que um atendimento mais humano poderia ter evitado toda essa confusão?
No final das contas, todos saem perdendo: a mulher, que provavelmente precisava de ajuda médica e emocional; os outros pacientes, que tiveram seu atendimento ainda mais atrasado; e os profissionais de saúde, que trabalham em condições tão precárias.
Esse caso escancara uma realidade dura: nosso sistema público de saúde está doente. E enquanto não tratarmos a causa, vamos continuar vendo sintomas como esse aparecerem - cada vez mais frequentes, cada vez mais violentos.