Hospital no RN paralisa cirurgias ortopédicas: falta de material básico deixa pacientes em desespero
Hospital no RN cancela cirurgias por falta de material

Imagine esperar meses — quiçá anos — por uma cirurgia que pode aliviar sua dor, recuperar seus movimentos, devolver sua dignidade. Agora imagine ter tudo cancelado horas antes porque falta o mais básico: material médico.

Pois é exatamente isso que aconteceu com dezenas de pacientes do Hospital Regional Dr. Tarcísio Maia, em Santa Cruz, na Grande Natal. Uma situação que beira o surreal — e o desumano.

Dezenas de cirurgias ortopédicas simplesmente suspensas. Procedimentos essenciais para pessoas que já vivem no limite da dor. Tudo parado porque, pasmem, faltou material de consumo básico. Coisas como gaze, esparadrapo, luvas esterilizadas. Itens que você encontra em qualquer farmácia de bairro, mas que um hospital regional não tem em estoque.

O desespero nos corredores

O clima por lá é de frustração total. Familiares desolados, pacientes à beira de um ataque de nervos. Muitos tomaram chuva, pegaram ônibus lotado, faltaram ao trabalho — tudo para nada. "É uma falta de respeito com o sofrimento alheio", desabafa uma senhora que acompanhava o marido, com voz embargada. Ela não está errada.

E o pior? Ninguém sabe quando a situação vai se normalizar. A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) soltou aquele comunicado padrão — cheio de juridiquês e promessas vazias. Diz que está "correndo atrás" da licitação para comprar os materiais. Como se dor de gente tivesse prazo de processamento.

Um problema crônico (e previsível)

O que mais revolta é que isso não é um fato isolado. É sintoma de uma doença muito maior: a gestão pública de saúde no Brasil que vive no modo apaga-incêndio. Não planeja, não prevê, não compra com antecedência. Só age quando o caos já se instalou.

  • Pacientes transformados em reféns da papelada
  • Profissionais de saúde de mãos atadas
  • Dinheiro público? Bem, onde ele realmente vai parar é sempre um mistério

Enquanto isso, a fila só aumenta. E a dor também. Cada cancelamento não é apenas um adiamento no sistema — é uma vida posta em espera. Uma dignidade adiada.

É pra se indignar. É pra cobrar. É pra não aceitar o inaceitável. Porque saúde não é privilégio — é direito. E quando um direito básico vira luxo, algo está podre no reino.