Com a proximidade do Dia Mundial do Diabetes, em 14 de novembro, novos estudos acendem o alerta sobre o avanço preocupante da doença no Brasil. Dados atualizados revelam que o país enfrenta uma verdadeira epidemia de diabetes, com números que impressionam pelas proporções e pelo crescimento acelerado.
Números alarmantes colocam Brasil em posição preocupante
Segundo o mais recente Atlas Global da Diabetes, publicado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), 589 milhões de pessoas em todo o mundo, na faixa etária entre 20 e 79 anos, convivem com a doença. O Brasil contribui significativamente para essa estatística, com mais de 16 milhões de adultos diagnosticados com a condição.
Esses números colocam o país na sexta posição do ranking mundial, atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos, Paquistão e Indonésia - todos nações com população superior à brasileira. O dado representa um aumento de quase 6% em apenas quatro anos, considerando que o atlas de 2021 registrava pouco mais de 15 milhões de casos no país.
Especialistas alertam que a realidade pode ser ainda mais grave devido ao subdiagnóstico. "Cerca de uma em cada três pessoas com diabetes ainda não sabe que tem a doença", revela Luiza Esteves, endocrinologista do Hospital São Marcelino Champagnat. "Isso acontece porque o diabetes é uma doença silenciosa, que costuma apresentar sintomas apenas em fases mais avançadas", completa a médica.
Impacto mortal e custos bilionários
As consequências do diabetes vão muito além dos números de prevalência. De acordo com a IDF, a doença foi responsável por 3,4 milhões de mortes em todo o mundo em 2024, o que equivale a uma morte a cada seis segundos. No Brasil, foram registrados 111 mil óbitos por diabetes no mesmo período, representando uma média assustadora de 304 mortes diárias.
Os custos econômicos também são extraordinários. O Brasil se consolidou como o terceiro país que mais gasta com diabetes no mundo, destinando mais de 45 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 239 bilhões na cotação atual) para tratamentos e sequelas da doença.
População idosa é a mais afetada
Dados do Vigitel 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) revelam que a prevalência do diabetes na população geral é de 10,2%, mas salta para 22,4% entre pessoas de 55 a 64 anos e atinge impressionantes 30,4% em idosos acima de 65 anos.
A tendência é de crescimento contínuo desses números, impulsionada pelo envelhecimento da população, aumento da obesidade e consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) também observa com preocupação o crescimento da doença entre crianças e adolescentes, reflexo direto do aumento da obesidade infantil.
Sintomas, complicações e tratamentos
Conhecida como "doença silenciosa", o diabetes pode permanecer assintomático por anos. Quando os sinais aparecem, os mais comuns incluem:
- Aumento na frequência da urina
- Perda de peso inexplicável
- Fome e sede excessivas
- Cansaço constante
As complicações da doença não controlada podem ser graves, incluindo doenças cardiovasculares, infarto, AVC, insuficiência renal, problemas de visão e alterações vasculares que podem levar à morte.
O tratamento varia conforme o tipo de diabetes. "O diabetes tipo 2 necessita de antidiabéticos orais e, em situações específicas, medicamentos injetáveis como os análogos de GLP-1 ou a insulina", explica a endocrinologista Luiza Esteves. Já o tipo 1, mais comum em crianças e jovens, exige uso diário de insulina.
Prevenção e qualidade de vida
A melhor estratégia contra o diabetes continua sendo a prevenção através de hábitos saudáveis. "Manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes e grãos integrais, além de evitar ultraprocessados e açúcares, é fundamental", orienta a especialista.
A prática regular de atividade física - pelo menos 150 minutos por semana - manutenção do peso adequado e qualidade do sono completam o pacote de medidas preventivas.
Mesmo após o diagnóstico, a doença pode ser controlada. "O diabetes é uma condição controlável. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível ter qualidade de vida e evitar complicações", finaliza a médica, reforçando a importância da conscientização, educação em saúde e acesso ao cuidado.