IA na adolescência: riscos e cuidados para saúde mental dos jovens
IA na adolescência: riscos para saúde mental

Adolescentes e IA: uma relação que exige cuidado

Os adolescentes sempre estiveram na linha de frente quando o assunto é adoção de novas tecnologias. Atualmente, esse fenômeno se repete com as inteligências artificiais, especialmente no uso como companheiras digitais ou mediadoras de psicoterapias. Em pouco tempo, essas ferramentas já transformaram a forma como os jovens aprendem e se relacionam.

Os dois lados da moeda

Por um lado, as IAs oferecem benefícios significativos: suporte imediato, ajuda na organização de informações e até servem como ponte para a expressão emocional de jovens com sofrimento psíquico ou dificuldades de socialização. No entanto, quando utilizadas sem cautela, os riscos aparecem.

O psiquiatra Gustavo M. Estanislau, especialista em infância e adolescência, alerta que a inteligência artificial pode reforçar pensamentos disfuncionais, validando comportamentos sem questioná-los, o que mantém o jovem preso em padrões prejudiciais.

Outro problema sério é o descolamento da realidade. O ambiente digital é controlado e previsível, enquanto o mundo real é fluido e imprevisível. A interação constante com IA pode dificultar a adaptação à complexidade das relações humanas.

Recomendações da Associação Americana de Psicologia

Em junho de 2025, a American Psychological Association (APA) publicou um parecer fundamental sobre "Inteligência Artificial e o Bem-Estar Adolescentes". O documento enfatiza a necessidade de estabelecer limites claros nas relações simuladas por essa tecnologia.

Entre as principais recomendações da APA estão:

  • Criação de sistemas de IA com configurações de privacidade adequadas à idade
  • Implementação de filtros de conteúdo e limites de interação
  • Transparência e supervisão humana nas interações
  • Proteção dos dados dos adolescentes, limitando coleta e uso de informações pessoais

O papel crucial da educação digital

A alfabetização digital surge como elemento fundamental nesse contexto. A APA recomenda que pais e escolas promovam diálogo aberto sobre o uso da inteligência artificial, esclarecendo como essas ferramentas funcionam e seus impactos potenciais.

É essencial que pais e educadores estejam informados sobre as tecnologias que os jovens utilizam, participando ativamente na orientação sobre o uso responsável e seguro da IA. A implementação de políticas públicas que promovam o uso ético da IA nas instituições de ensino também é crucial.

O desenvolvimento de habilidades críticas nos jovens permite que eles avaliem e questionem as informações fornecidas pela IA, promovendo autonomia e responsabilidade no ambiente digital.

Enquanto as inteligências artificiais oferecem oportunidades valiosas para o desenvolvimento dos adolescentes, é urgente que seu uso seja acompanhado de medidas cuidadosas e informadas. A colaboração entre desenvolvedores, educadores, pais e formuladores de políticas públicas é essencial para garantir que a integração da IA na vida dos jovens seja segura e ética.