Adolescente com leucemia disputa vaga no Cotil: 'Sonhar com o futuro me mantém viva'
Com leucemia, adolescente tenta vaga no Cotil da Unicamp

Imagina só: você tem 17 anos, está no meio do ensino médio e descobre que precisa enfrentar uma leucemia. Pois é exatamente essa a realidade da Maria Eduarda - ou Duda, como prefere ser chamada. Mas sabe o que é impressionante? Enquanto seu corpo trava uma guerra silenciosa contra as células cancerígenas, sua mente está focada em outro desafio: conquistar uma vaga no disputadíssimo Colégio Técnico da Unicamp.

"Às vezes acordo sem forças, com aquela enjoo que te derruba", conta ela, com uma voz que mistura cansaço e determinação. "Mas daí penso: preciso estudar. O que me mantém de pé é imaginar onde posso estar daqui a cinco anos."

Rotina dividida entre hospital e livros

A vida de Duda virou de cabeça para baixo desde o diagnóstico. O que era para ser uma simples suspeita de anemia se revelou algo muito mais sério. Agora, sua semana é dividida entre sessões de quimioterapia no Hospital de Clínicas e horas de estudo - sempre que as forças permitem.

"Tem dias que é complicado, não vou mentir", admite. "Mas meus pais são meu porto seguro. Minha mãe vira as noites comigo quando estou mal, e meu pai sempre arranja um jeito de me fazer sorrir."

O sonho que não espera

Enquanto muitos adolescentes da sua idade estão preocupados com redes sociais e festas, Duda sonha com laboratórios e aulas práticas. Ela quer o curso técnico em Química - parece que a paixão pelas reações químicas encontrou um eco irônico no próprio tratamento que enfrenta.

"É engraçado como as coisas se conectam", reflete. "Estudo os elementos da tabela periódica enquanto meu corpo reage aos medicamentos. Acho que isso me dá uma perspectiva diferente."

Sua médica, Dra. Ana Claudia, não esconde a admiração: "Cases como o da Duda nos lembram por que escolhemos essa profissão. A resiliência dela é contagiante - quase uma lição para todos nós."

Força onde menos se espera

O que mais chama atenção é de onde essa jovem tira tanta energia. Enquanto a quimioterapia debilita seu físico, seu espírito parece se fortalecer a cada dia. "Talvez seja porque quando você quase perde algo, passa a valorizar cada oportunidade", filosofa.

E os planos não param no Cotil. Ela já vislumbra a faculdade, uma carreira na área de pesquisa - quem sabe até contribuir para tratamentos como o que está recebendo. "Quero retribuir de alguma forma todo o cuidado que recebi", sonha alto.

Uma lição de prioridades

Enquanto aguarda o resultado do vestibular, Duda já conquistou algo muito maior: a compreensão do que realmente importa. "Aprendi que nossa força vai muito além do que imaginamos. E que sonhar não é luxo - é necessidade."

Seu conselho para outros jovens? "Não deixem para valorizar a vida apenas quando algo ameaça tirá-la de vocês. Cada dia é precioso, cada oportunidade única."

Restam agora os votos de boa sorte - mas convenhamos, com tanta garra, essa jovem parece não precisar deles. O futuro, afinal, aguarda por quem tem coragem de imaginá-lo, mesmo nos dias mais difíceis.