
Parece que o inverno trouxe mais do que apenas frio para Campinas e região. Os números são alarmantes: um salto de 46% nos casos de Vírus Sincicial Respiratório (VSR) só em 2025. E o que mais assusta? Das dez crianças internadas, nove mal completaram quatro aninhos de vida.
"É como se o vírus tivesse encontrado o caminho perfeito para circular", comenta uma enfermeira do HC que prefere não se identificar. E ela tem razão — as creches e escolas viraram terreno fértil para essa doença que, não bastasse roubar o sono dos pais, ainda sobrecarrega os postos de saúde.
Por que as crianças são as mais vulneráveis?
Pequenos pulmões, grandes problemas. O sistema imunológico das crianças ainda está em construção, o que as torna alvo fácil para o VSR. Alguns sintomas para ficar de olho:
- Tosse persistente (daquelas que não dão trégua)
- Febre que teima em não baixar
- Dificuldade para respirar — observe se as costelas aparecem ao inspirar
- Chiado no peito, como um apito assustador
E não, não é exagero de mãe coruja. Só no primeiro semestre, as UTIs pediátricas da região já viram a demanda dobrar. "Tem dia que parece fila de banco", brinca (sem graça) um médico plantonista.
O que está por trás desse surto?
Especialistas apontam três fatores que viraram a chave nessa história:
- Queda na imunidade coletiva — os lockdowns anteriores deixaram as crianças menos expostas a vírus comuns
- Retorno às aulas sem máscaras — a normalização trouxe alívio psicológico, mas riscos físicos
- Circulação precoce do vírus — o VSR chegou antes da temporada habitual, pegando muitos desprevenidos
"A gente vê pais chegando desesperados às 3h da manhã", relata a recepcionista de uma UPA. E ela completa, entre um atendimento e outro: "Muitos acham que é só resfriado, até a criança ficar roxinha".
Dica quente: Lavar as mãos virou clichê, mas continua sendo a melhor defesa. E atenção redobrada com bebês prematuros — neles, o vírus pode ser ainda mais traiçoeiro.
Enquanto isso, as secretarias de saúde da região correm contra o tempo para ampliar leitos pediátricos. Mas será que a medida chega a tempo? Só o próximo boletim epidemiológico dirá.