
Outubro chegou com uma energia diferente na Casa Rosa, em Santarém. E não é só pela cor que tinge a cidade - há algo no ar que parece fortalecer ainda mais o trabalho dessa instituição que já é um verdadeiro porto seguro para tantas mulheres.
O mês de conscientização sobre o câncer de mama trouxe uma programação especial, é claro. Mas vai muito além dos laços cor-de-rosa e das campanhas que vemos por aí. Aqui, a coisa é séria - e profundamente humana.
Mais que um abrigo, um verdadeiro lar
Quem entra na Casa Rosa pela primeira vez costuma chegar com medo, desorientado, às vezes até desesperançoso. O diagnóstico do câncer de mama tem esse poder de virar o mundo de cabeça para baixo. Mas eis que surge um lugar onde é permitido ser frágil - e ao mesmo tempo encontrar forças que nem se sabia ter.
As atividades deste outubro incluem desde rodas de conversa até sessões de beleza - sim, porque autoestima também é remédio. Tem oficina de turbante para quem perdeu o cabelo, tem massagem, tem choro coletivo e muito, muito riso também.
O cuidado que vai além do físico
O que me impressiona sempre é como essas mulheres conseguem transformar dor em resiliência. Uma delas me contou, com os olhos marejados mas um sorriso no rosto: "Aqui eu aprendi que posso chorar, mas também posso lutar. São as duas coisas juntas".
E é exatamente isso que a Casa Rosa proporciona: um espaço onde as emoções podem fluir livremente, sem julgamentos. Porque enfrentar um tratamento desses não é só sobre vencer a doença - é sobre redescobrir quem se é no processo.
As voluntárias? Ah, essas são guerreiras disfarçadas de anjos. Elas fazem de tudo - desde organizar doações até segurar a mão de alguém num dia difícil. Me disseram que muitas já passaram pela mesma luta, o que explica tanta empatia no olhar.
Um trabalho que não para
Mesmo depois que outubro acabar e as luzes rosa se apagarem, a Casa Rosa continua firme. O acolhimento é permanente, assim como a necessidade de apoio da comunidade.
Doações sempre são bem-vindas, é claro. Mas o que realmente faz diferença é quando as pessoas entendem que apoio emocional pode ser tão crucial quanto o tratamento médico em si.
No final das contas, o que essa casa oferece é simples e profundo ao mesmo tempo: a certeza de que nenhuma mulher precisa enfrentar o câncer sozinha. E em tempos como os que vivemos, isso não tem preço.