Pai desabafa: 'Amputação só em último caso' após bebê sofrer queimaduras em maternidade do Acre
Bebê queimado em maternidade: família rejeita amputação

Era pra ser um momento de alegria, mas virou pesadelo. Na maternidade de Rio Branco, um simples banho deixou marcas profundas — e não só na pele fina do pequeno Miguel, de apenas 15 dias. A água, que devia estar morna, chegou a ferver. O choro que ecoou pelo corredor ainda parece não ter fim.

"Parecia carne assando", descreve o pai, Marcos, com a voz embargada. As mãozinhas do bebê ficaram vermelhas como pimenta malagueta. Agora, a família enfrenta uma batalha contra o relógio — e contra a burocracia.

Entre a esperança e o desespero

Os médicos falam em amputação. "Só se não tiver outro jeito", rebate o pai, que já perdeu as contas de quantas vezes ouviu "é protocolo". Enquanto isso, a mãe passa noites em claro, aplicando pomadas a cada três horas exatas. "Até o cheiro do antibiótico já me dá ânsia", confessa.

O caso levantou poeira na Secretaria de Saúde. Dois enfermeiros foram afastados — mas a família quer mais. "Isso aqui não é panelinha quebrada, é vida de gente", esbraveja a avó, mostrando fotos do neto com ataduras que parecem maiores que ele.

O que dizem os especialistas?

Dr. Álvaro Simões, que não está envolvido no caso, explica: "Queimaduras em neonatos são como vulcões — pequenos na superfície, mas com danos profundos". Ele sugere que a unidade deveria ter termômetros digitais com alarme. "Coisa básica, sabe?"

Enquanto a justiça não vem, Miguel segue lutando. Seus dedos minúsculos agora são acompanhados diariamente por fisioterapeutas. "Ele é guerreiro", diz a enfermeira Carla, que se tornou a favorita da família. "Quando chora, é sinal que tá com fome — e fome é vida."

O hospital emitiu nota dizendo que "apura com rigor o ocorrido". Enquanto isso, vizinhos organizam vaquinha para custear tratamentos alternativos. "A gente não pode deixar esse menino virar estatística", diz Dona Maria, 72 anos, que doou parte do seu salário de aposentada.