O sol da tarde em Santarém parecia mais amigo na última sexta-feira. No Parque da Cidade, algo especial acontecia — uma daquelas iniciativas que fazem a diferença de verdade na vida das pessoas. O Outubro Rosa chegou com força total, e não foi só com discursos. Foi com abraços, conversas olho no olho e uma energia que dava para sentir no ar.
Organizado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), o evento tinha um propósito nobre: conscientizar sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama. Mas vai muito além disso, sabe? Era sobre criar um espaço seguro onde mulheres pudessem tirar dúvidas, compartilhar experiências e, principalmente, se sentir acolhidas.
Mais do que informações — uma rede de apoio
O que me chamou atenção foi a atmosfera do lugar. Nada daquela formalidade que às vezes afasta as pessoas. Era tudo muito natural, muito humano. As profissionais de saúde circulavam entre as participantes com um sorriso no rosto — e não daquele jeito profissional, mas com uma genuína vontade de ajudar.
Elas explicavam, com paciência de sobra, sobre os sinais que o corpo dá. Sobre a importância do autoexame — aquele momento de cuidado consigo mesma que pode salvar vidas. E falavam também sobre os exames de rotina, que muita gente acaba adiando por medo ou falta de informação.
Ah, o medo! Esse era um tema que aparecia nas conversas. Medo do diagnóstico, medo do tratamento, medo de não dar conta. Mas o interessante era ver como, no grupo, esses medos iam se dissipando. Uma mulher compartilhava sua experiência, outra dava uma palavra de incentivo, e assim seguiam — fortalecendo umas às outras.
Os números que importam
Enquanto isso, do lado de fora da tenda principal, uma equipe da Semsa registrava algo fundamental: o cadastro de mulheres para agendamento de mamografias. E olha, não era pouca gente interessada. Filas se formavam, mas ninguém reclamava da espera. Pelo contrário — era mais uma oportunidade de conversar, de trocar ideias.
Essa parte prática, de facilitar o acesso aos exames, é crucial. De que adianta conscientizar se depois a pessoa não consegue marcar a mamografia? Santarém parece ter entendido isso direitinho.
Um trabalho que não para em outubro
Aqui vai um detalhe importante que muitas cidades esquecem: a Semsa mantém esse trabalho o ano inteiro nas Unidades Básicas de Saúde. Outubro é o mês de dar mais visibilidade, mas o cuidado com a saúde da mulher é algo permanente — ou deveria ser.
E sabe o que é mais bonito de ver? Quando uma ação dessas consegue ir além do óbvio. Não era só sobre exames e estatísticas — era sobre autoestima, sobre se permitir cuidar de si mesma, sobre entender que a saúde é um direito de todas.
No final da tarde, com o sol se despedindo, dava para ver nos rostos das mulheres que ali estiveram uma expressão diferente. Menos preocupação, mais esperança. E talvez seja isso que faça a diferença: quando a informação vem acompanhada de humanidade.
Santarém mostrou que, às vezes, uma simples tarde num parque pode ser o começo de muitas histórias de cuidado — e quem sabe de muitas vidas preservadas.
