Apneia do sono: Bolsonaro inicia tratamento com CPAP após internação
Bolsonaro inicia tratamento para apneia severa do sono

O ex-presidente Jair Bolsonaro receberá alta hospitalar nesta quinta-feira, 1°, com uma nova e importante recomendação médica: o tratamento contínuo para a apneia obstrutiva do sono. Internado desde 24 de dezembro no Hospital DF Star, em Brasília, para cirurgias de hérnia inguinal e controle de soluços, Bolsonaro foi submetido a exames que confirmaram a gravidade do distúrbio.

Diagnóstico e gravidade do quadro

Durante coletiva realizada na tarde de terça-feira, 31, o cirurgião geral Claudio Birolini, que acompanha o ex-presidente, detalhou o caso. Bolsonaro já havia sido diagnosticado com apneia do sono em uma internação anterior, no Hospital Albert Einstein, quando foram registrados cerca de 90 episódios de interrupção da respiração por noite.

Na atual internação, um novo exame de polissonografia foi realizado. O resultado mostrou um quadro classificado como severo, com até 50 episódios de obstrução respiratória por hora. "Ele tem uma apneia do sono com características severas", afirmou Birolini.

O médico lembrou que, no passado, Bolsonaro chegou a passar por uma cirurgia nasal na tentativa de melhorar a condição, mas o problema persistiu. Apesar da indicação prévia para uso de um aparelho específico, o CPAP, o ex-presidente não havia aderido ao tratamento por questões de adaptação.

O tratamento com CPAP e a nova adesão

O CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) é o principal dispositivo para controle da apneia obstrutiva do sono. Ele funciona enviando um fluxo de ar contínuo para as vias aéreas por meio de uma máscara, mantendo a garganta aberta durante o sono e prevenindo as paradas respiratórias.

Desta vez, a experiência no hospital foi diferente. "Está formalmente indicado o uso de terapêutica com CPAP e foi iniciada no hospital. Já é a segunda noite que ele utiliza. Ele se adaptou bem e disse que dormiu melhor", relatou Birolini. O médico atribuiu a melhor adaptação aos avanços tecnológicos. "As máscaras de dois ou três anos atrás eram desconfortáveis", comentou.

A recomendação agora é pelo uso contínuo do aparelho. Além das mudanças no dispositivo, outra frente de tratamento que ganha espaço no Brasil é o uso de medicamentos como a tirzepatida (Mounjaro), uma caneta antiobesidade que, segundo a fabricante Eli Lilly, pode reduzir significativamente os episódios de apneia.

Riscos da apneia não tratada e prevalência no Brasil

A apneia do sono vai muito além do ronco alto e da sensação de cansaço diurno. O distúrbio representa um sério risco à saúde cardiovascular. As interrupções repetidas da respiração privam o organismo de oxigênio de forma intermitente, aumentando a predisposição a:

  • Insuficiência cardíaca
  • Acidente vascular cerebral (AVC)
  • Doença coronariana
  • Fibrilação atrial

A condição também está ligada a piora de quadros de depressão e ansiedade e, nos homens, eleva em 2,7 vezes a possibilidade de disfunção erétil.

O problema é comum no país. Dados da Academia Americana de Medicina do Sono indicam que mais de 49 milhões de brasileiros são afetados pela apneia do sono. Um estudo do Instituto do Sono em São Paulo encontrou a condição em 32,9% dos habitantes da capital paulista.

Os grupos de maior risco incluem homens, pessoas de meia-idade, mulheres na menopausa, indivíduos com obesidade e aqueles que consomem bebidas alcoólicas antes de dormir.

A alta de Bolsonaro está prevista para o dia 1° de janeiro, marcando o início de um tratamento essencial para controlar um distúrbio silencioso, porém com impactos profundos na qualidade e expectativa de vida.