
Num daqueles gestos que restauram a fé na humanidade — e cá entre nós, andamos precisando — um grupo de mulheres resolveu transformar a rotina apressada do Terminal Rodoviário Novo Rio nesta última sexta-feira. O que seria mais um dia comum de viagens e despedidas tornou-se algo especial, quase mágico.
Imagine só: você chega ao terminal, naquele vai-e-vem constante de malas e rostos cansados, e de repente se depara com abraços gratuitos, cartões com mensagens inspiradoras e pequenas surpresas. Pois é, foi exatamente isso que aconteceu. A ação, batizada carinhosamente de "Gentileza gera gentileza", surgiu daquelas ideias que parecem simples, mas carregam um poder transformador enorme.
O toque humano que faz diferença
Não era qualquer ação social, convenhamos. As voluntárias — cerca de 20 mulheres de diferentes idades e profissões — prepararam tudo com um cuidado que só o olhar feminino consegue ter. Cartões artesanais, cada um com uma mensagem única, docinhos caseiros e, claro, aquele abraço de verdade, daqueles que aquecem a alma.
"A gente percebeu que as pessoas chegavam meio desconfiadas, afinal, nada é de graça nos dias de hoje, não é mesmo?", contou uma das organizadoras, entre um sorriso e outro. "Mas quando entendiam que era só gentileza mesmo, pura e simples, os olhos brilhavam. Alguns até se emocionavam."
Mais que gestos simbólicos
O que começou como distribuição de afeto rapidamente se tornou algo maior. Muitos passageiros, tocados pelo gesto, começaram a fazer doações expontâneas. O resultado? Arrecadaram quase meia tonelada de alimentos não perecíveis e mais de 500 peças de roupa, que serão destinadas a instituições de caridade da região.
E tem mais: produtos de higiene pessoal e até fraldas infantis engrossaram o montante. Uma verdadeira corrente do bem que ninguém esperava encontrar num terminal rodoviário numa sexta-feira qualquer.
O inesperado que faz bem
O que mais chamou atenção — e aqui vou dar meu palpite — foi como as reações variavam. Tinha o executivo apressado que parou por um instante, respirou fundo e agradeceu com os olhos marejados. A mãe com crianças pequenas que encontrou um momento de paz no meio do caos. O estudante que parecia carregar o mundo nas costas e ganhou um alívio temporário.
Numa época em que andamos tão conectados digitalmente, mas tão desconectados humanamente, ver cenas como essas é um bálsamo. Faz a gente pensar: será que a gentileza realmente gera gentileza? Pelas reações no terminal, a resposta parece ser um sonoro "sim".
E o melhor de tudo? As organizadoras já planejam novas edições. Quem sabe não inspiram outros grupos a espalhar um pouco mais de humanidade por aí? No fim das contas, são esses pequenos gestos que tornam as cidades — e a vida — mais leves de se carregar.