Moraes esclarece reuniões com Galípolo: tema foi Lei Magnitsky, não Banco Master
Moraes diz que reunião com Galípolo foi sobre Magnitsky

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, emitiu uma nota oficial nesta terça-feira, 23 de dezembro de 2025, para esclarecer o teor de reuniões que manteve com autoridades do sistema financeiro. Ele afirmou que os encontros, incluindo um com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, trataram exclusivamente dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky contra ele pelos Estados Unidos, e não da venda do Banco Master.

Versão do ministro e confirmação do BC

De acordo com o comunicado divulgado, Moraes se reuniu, além de Galípolo, com os presidentes do Banco do Brasil e do Itaú. O magistrado listou ainda uma reunião conjunta com líderes de outras grandes instituições financeiras, como a Febraban, BTG, Santander e a Confederação Nacional das Instituições Financeiras.

“Em todas as reuniões, foram tratados exclusivamente assuntos específicos sobre as graves consequências da aplicação da referida lei, em especial a possibilidade de manutenção de movimentação bancária, contas correntes, cartões de crédito e débito”, declarou Moraes na nota.

Em rápida manifestação, o Banco Central confirmou a versão apresentada pelo ministro do STF, ratificando que os encontros tiveram como foco discutir os impactos da sanção americana.

Contexto e reportagem que motivou o esclarecimento

O esclarecimento foi uma resposta direta a uma reportagem publicada pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo. A matéria alegava que Moraes teria entrado em contato com Galípolo ao menos quatro vezes para pressionar em favor do Banco Master.

O interesse do ministro no caso, segundo a publicação, estaria relacionado a um contrato de R$ 3,6 milhões mensais firmado em janeiro de 2024 entre o banco e o escritório de advocacia de sua esposa, Viviane Barci de Moraes. O acordo, com duração de três anos, previa a defesa do Master em processos junto ao BC, ao Cade e outras instâncias.

O Banco Master encontra-se em processo de liquidação determinado pelo BC em novembro, por ser considerado incapaz de honrar seus créditos e por violações graves às normas do sistema financeiro. Seu dono, Daniel Vorcaro, foi preso e depois liberado com tornozeleira eletrônica.

Anteriormente, em setembro, o Banco Central havia rejeitado a proposta de compra do Master pelo Banco de Brasília (BRB), em uma operação que também é alvo de investigação para apurar se o BRB tinha conhecimento da má qualidade dos créditos.

Repercussão política e novos pedidos de investigação

A notícia gerou imediata reação no Congresso Nacional. Parlamentares, principalmente da oposição ao governo Lula, repercutiram o caso e apresentaram novos pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes, que já é alvo frequente de críticas de setores bolsonaristas.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) lembrou em suas redes sociais que já protocolou, há um mês, um requerimento para a criação de uma CPI para investigar o caso do Banco Master. Segundo ele, a proposta já conta com 34 assinaturas e aguarda análise do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

As críticas, contudo, não se limitaram à oposição. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), conhecido por uma atuação independente, também anunciou que vai coletar assinaturas para investigar a atuação de Moraes no episódio envolvendo o Banco Master.

O caso coloca sob os holofotes novamente a interseção entre o Judiciário, o sistema financeiro e as investigações por atos de corrupção, em um momento de alta tensão política no país.