O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tornou-se alvo do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes após convocar uma vigília em frente ao condomínio onde mora seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi preso preventivamente neste sábado (22).
Contexto da prisão e reação familiar
Congressistas de direita e aliados do senador afirmam que a prisão de Jair Bolsonaro colocou Flávio também na mira do ministro do STF. A situação ocorre em um momento em que cresciam as movimentações para que o senador abandonasse a candidatura à reeleição pelo Rio de Janeiro e se tornasse o representante da família na disputa presidencial de 2026 contra Lula.
Segundo parlamentares próximos a Flávio, o senador havia começado a considerar essa possibilidade mais seriamente nos últimos dias. Enquanto isso, seu irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), responde a inquérito no STF e é réu por coação há uma semana, encontrando-se atualmente nos Estados Unidos sem planos de retornar ao Brasil por medo de ser preso.
Decisão judicial e citações explícitas
Na decisão que determinou a prisão preventiva do ex-presidente, o ministro Alexandre de Moraes citou explicitamente Flávio Bolsonaro. O magistrado afirmou que a convocação da vigília com orações em frente ao condomínio representava uma repetição do modus operandi da organização criminosa liderada por Jair Bolsonaro.
Moraes destacou que o vídeo publicado pelo senador para convocar o ato incita o desrespeito ao texto constitucional, à decisão judicial e às próprias instituições. Na publicação no X (antigo Twitter), Flávio fez referências bíblicas e convocou apoiadores do ex-presidente para a vigília, pedindo que lutassem pelo país.
Estratégia política familiar
O fortalecimento de Flávio como possível candidato presidencial ocorre em um contexto de reorganização política da família Bolsonaro. Enquanto isso, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disputaria uma vaga no Senado pelo Distrito Federal, e Carlos Bolsonaro, outro filho, pretende concorrer a senador por Santa Catarina - movimento que gerou divisões na direita local, já que ele é vereador pelo Rio de Janeiro.
Entretanto, políticos dos partidos do centrão preferem lançar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por acreditarem que ele teria menor rejeição e mais chances de vitória eleitoral.
Defesa do senador
Em transmissão ao vivo nas redes sociais, Flávio Bolsonaro rebateu as acusações de que teria convocado uma manifestação para distrair a polícia e permitir a fuga do pai para uma embaixada. Segundo o senador, seria humanamente impossível que Jair Bolsonaro deixasse a casa, mesmo ao violar a tornozeleira eletrônica, devido ao aparato que Moraes colocou para cercar o cativeiro de Bolsonaro.
O parlamentar também negou as especulações sobre uma possível candidatura presidencial, afirmando que nunca falou que é candidato a presidente da República e mantém o foco na reeleição ao Senado, se assim o partido decidir.
O episódio marca uma escalada na tensão entre a família Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal, com desdobramentos que podem redefinir o cenário político da direita brasileira nos próximos anos.