O governo da Venezuela anunciou nesta quinta-feira (27) a revogação das licenças de operação de pelo menos seis companhias aéreas internacionais que suspenderam seus voos para o país. A medida representa uma resposta direta às empresas que interromperam suas operações diante da escalada das tensões com os Estados Unidos.
Companhias afetadas pela decisão venezuelana
Segundo comunicado oficial do governo de Nicolás Maduro, as empresas afetadas pela revogação são: Ibéria da Espanha, TAP de Portugal, Avianca da Colômbia, Latam do Chile, Turkish Airlines da Turquia e Gol do Brasil. A decisão ocorre após o país ter emitido um ultimato de 48 horas para que as companhias retomassem os voos.
Conforme informações da agência France-Presse, o governo venezuelano se reuniu com representantes das empresas na segunda-feira e entregou o prazo final para normalização das operações. A fonte não identificada do Ministério dos Transportes confirmou a pressão exercida sobre as companhias aéreas.
Contexto da crise aérea
As suspensões de voos começaram no fim de semana, quando ao menos sete companhias aéreas decidiram interromper suas operações na Venezuela. A decisão foi tomada após um alerta emitido por reguladores dos Estados Unidos sobre o aumento da atividade militar na região.
O alerta norte-americano gerou temores de uma possível intervenção militar dos EUA na Venezuela, levando as empresas aéreas a priorizarem a segurança de suas operações. O deslocamento militar mencionado no alerta refere-se ao reforço da frota naval americana no Caribe.
Escalação das tensões internacionais
As relações entre Venezuela e Estados Unidos atingiram um novo patamar de crise nas últimas semanas. A Marinha dos EUA reforçou significativamente sua presença no Caribe, incluindo o envio de oito navios de guerra, caças F-35 e o porta-aviões Gerald Ford, considerado o maior do mundo.
Desde setembro, as forças americanas na região realizaram pelo menos 21 ataques contra supostos barcos de narcotráfico no Caribe e no Pacífico, resultando na morte de 83 pessoas. O governo Trump alega que a operação tem como objetivo exclusivo combater o narcotráfico na área.
Entretanto, a classificação do Cartel de los Soles como organização terrorista pelos Estados Unidos dá ao país o poder legal de atacar alvos ligados a Maduro em território venezuelano. Washington acusa o grupo de trabalhar com a gangue venezuelana Tren de Aragua no envio de drogas aos EUA.
Posicionamentos oficiais
O presidente Donald Trump já afirmou que "todas as opções" estão sobre a mesa em relação à Venezuela, embora tenha dito que não pretende atacar o país. "Se tivermos que fazer do jeito difícil, tudo bem", declarou Trump sobre Maduro em entrevista recente.
Por outro lado, o governo venezuelano acusa Washington de querer forçar uma mudança de regime no país através da classificação, que Nicolás Maduro chamou de "ridícula". Maduro nega tanto as acusações quanto a própria existência do Cartel de los Soles, posição que é compartilhada por alguns especialistas.
Uma autoridade não identificada da Casa Branca afirmou ao site Axios que "ninguém está planejando entrar lá e atirar nele ou sequestrá-lo — neste momento", referindo-se a Maduro. O mesmo funcionário acrescentou que "se Maduro sair, não derramaremos uma lágrima".
Desde o início da escalada, especula-se que os EUA possam tentar remover Maduro do poder na Venezuela por meio de ação militar, incluindo uma possível invasão por terra. A situação permanece em alerta máximo, com consequências diretas para a conectividade aérea e as relações internacionais na região.