Maduro liberta 72 presos após reeleição contestada em 2024
Venezuela: Maduro liberta 72 presos políticos

O governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, concedeu liberdade a pelo menos 72 pessoas nesta quinta-feira, 25 de dezembro de 2025. Esses indivíduos haviam sido detidos em julho de 2024, logo após a polêmica reeleição de Maduro para um terceiro mandato.

Contexto da detenção e números da repressão

A eleição presidencial de 2024 na Venezuela foi marcada por protestos massivos em todo o país e por inúmeras acusações de fraude eleitoral. No período que seguiu o pleito, mais de 2.400 opositores políticos foram presos pelas autoridades. O governo justificou as detenções classificando os adversários como "terroristas".

A informação sobre a libertação foi divulgada pelo Comitê para a Liberdade dos Presos Políticos (Clippve), uma organização não governamental que atua na defesa desses detidos. Segundo a entidade, desde junho deste ano, aproximadamente duas mil pessoas tiveram suas prisões revogadas, mas ainda há um número indeterminado de indivíduos sob custódia do Estado.

Quem foram os libertados?

O Clippve detalhou o perfil dos 72 libertados. A maioria, 60 pessoas, saiu da Prisão de Tocorón, o Centro Penitenciário de Aragua. Além delas, foram soltas nove mulheres que estavam no Centro Penitenciário Feminino La Crisálida e três adolescentes naturais do estado de La Guaira.

Em suas redes sociais, a representante da ONG, Adreína Baduel, comentou a ação no contexto do Natal. "Natal é sobre iluminar a escuridão dos outros com a nossa própria luz. Como alguém que conhece a face da injustiça, hoje meu compromisso moral com a justiça e a liberdade é mais forte do que nunca. Em nome de Deus, este pesadelo terminará", escreveu ela.

Condições indefinidas e cenário de tensão internacional

De acordo com informações da agência de notícias AFP, as condições exatas para a libertação dessas pessoas não estão claras. Não se sabe se houve contrapartidas judiciais ou políticas para a soltura.

A medida ocorre em um momento de alta tensão nas relações entre Venezuela e Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, tem feito ameaças públicas de iminentes ataques ao país sul-americano, elevando o clima de instabilidade na região.

A libertação de parte dos presos políticos é vista por analistas como um gesto que pode ter múltiplas interpretações, desde uma tentativa de reduzir pressões internas e internacionais até uma manobra política em um cenário complexo e volátil.