Uma reunião de emergência no Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizada na terça-feira, 23 de dezembro de 2025, transformou-se em um palco de duras acusações entre a Venezuela e os Estados Unidos, com Moscou e Pequim entrando no debate para apoiar Caracas. O embaixador venezuelano, Samuel Moncada, classificou as ações americanas como a "maior extorsão" da história do país, em meio a uma crescente pressão militar e econômica na região do Caribe.
Acusações de extorsão e violação do direito internacional
Durante seu discurso, Moncada foi enfático ao denunciar a postura de Washington. Ele afirmou que os Estados Unidos estão agindo "à margem do direito internacional" e exigindo que os venezuelanos "abandonem seu país e o entreguem". A fala ocorre no contexto de um bloqueio naval anunciado pelo governo do presidente Donald Trump, destinado a impedir a exportação de petróleo venezuelano, e da presença de uma frota de guerra americana no Caribe, mantida desde agosto.
Do lado americano, o embaixador Mike Waltz reiterou as acusações de que o governo de Nicolás Maduro usa a venda de petróleo para financiar atividades ilícitas, incluindo o que chamou de "narcoterrorismo". Waltz defendeu as ações dos EUA como necessárias para proteger o hemisfério e o povo americano, referindo-se a Maduro como um "fugitivo procurado" e chefe do chamado Cartel de los Soles.
Rússia e China condenam "atitude de caubói" dos EUA
Os representantes da Rússia e da China aproveitaram a sessão para lançar críticas contundentes à política norte-americana. O embaixador russo, Vassily Nebenzia, não poupou palavras, descrevendo o bloqueio naval como "uma agressão flagrante" que viola normas fundamentais do direito internacional. Ele atribuiu a Washington uma "atitude de caubói" com consequências catastróficas.
Em linha semelhante, o representante chinês, Sun Lei, declarou que a China se opõe a atos de unilateralismo e intimidação, expressando apoio aos países na defesa de sua soberania e dignidade nacional. O posicionamento conjunto das duas potências no Conselho de Segurança deu um caráter geopolítico significativo ao embate, sinalizando um alinhamento em defesa do governo de Maduro contra as pressões ocidentais.
Contexto de tensão e recompensa por Maduro
A Venezuela nega veementemente qualquer envolvimento com o narcotráfico e sustenta que o verdadeiro objetivo dos Estados Unidos é derrubar seu presidente para controlar as maiores reservas de petróleo do mundo. Enquanto isso, a Casa Branca elevou para US$ 50 milhões (cerca de R$ 278 milhões) a recompensa por informações que levem à captura de Nicolás Maduro.
Especialistas observam que o Cartel de los Soles, frequentemente citado pelas autoridades americanas, funcionaria mais como uma extensa rede de corrupção que permite atividades ilícitas do que como uma organização de tráfico de drogas com estrutura tradicional. A reunião de emergência, solicitada pela Venezuela com o apoio crucial de Rússia e China, acendeu alertas sobre o respeito ao direito internacional e o futuro político e econômico da nação sul-americana, em um momento de escalada rara nas tensões diplomáticas e militares no Caribe.