A União Europeia está em uma corrida contra o tempo para aprovar um pacote de financiamento de 136 bilhões de euros para a Ucrânia, enquanto o inverno se aproxima e os ataques russos se intensificam. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enviou uma carta urgente aos líderes dos 27 Estados-membros nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025, com três propostas para garantir o apoio financeiro a Kiev.
Três alternativas para o financiamento ucraniano
O plano da Comissão Europeia prevê que os primeiros repasses do pacote ocorram já na primavera de 2026, desde que haja consenso político entre os membros do bloco. Von der Leyen apresentou três opções distintas para viabilizar o financiamento, que deve sustentar a Ucrânia até 2027.
A alternativa considerada mais rápida e menos onerosa envolve a emissão de um empréstimo de reparações lastreado em ativos russos congelados na Europa. No entanto, esta proposta enfrenta resistência da Bélgica, onde está localizada a Euroclear - câmara de compensação que detém a maior parte desses recursos.
Impasse belga e riscos de retaliação
O governo da Bélgica manifestou preocupação com possíveis retaliações diretas de Moscou caso os ativos russos congelados sejam utilizados como garantia para o empréstimo. Esta resistência ameaça travar todo o processo de financiamento, levando Von der Leyen a buscar soluções alternativas.
Caso o bloqueio persista, cada país membro da UE terá que contribuir com até 0,27% de sua renda nacional bruta por ano para manter a ajuda à Ucrânia. As outras opções incluem repasses diretos dos países ou emissão de dívida conjunta pela União Europeia, mas ambas enfrentam resistências significativas.
Para tentar superar a resistência belga, a presidente da Comissão Europeia propôs garantias juridicamente vinculativas, incondicionais e irrevogáveis por parte dos demais Estados-membros. Estas garantias cobririam inclusive riscos de futuras decisões judiciais, mesmo após o fim da guerra e do congelamento dos ativos russos.
Pressão aumenta com intensificação de ataques
A urgência da discussão ganhou novo impulso após a recente onda de bombardeios russos contra território ucraniano. Na semana passada, segundo autoridades de Kiev, Moscou lançou mais de 440 drones e 30 mísseis contra várias cidades, incluindo a capital.
As explosões registradas em Kiev, Odessa e Dnipro causaram mortes, atingiram áreas residenciais e danificaram infraestrutura energética crítica. Estes ataques aumentaram a pressão sobre a União Europeia para destravar rapidamente o financiamento que a Ucrânia necessita para enfrentar o inverno.
O presidente da Finlândia, Alexander Stubb, reconheceu que as preocupações da Bélgica são legítimas, mas enfatizou que o bloqueio precisa ser resolvido até a cúpula europeia de dezembro, alertando que a sobrevivência da Ucrânia está em jogo.
Ampliação da base de garantias
Para tentar facilitar um acordo, a Comissão Europeia avalia incluir cerca de 25 bilhões de euros adicionais provenientes de ativos russos mantidos por bancos comerciais europeus. Esta medida ampliaria a base de garantias e reduziria os riscos percebidos pelos países mais cautelosos.
No documento enviado aos líderes europeus, Von der Leyen reforçou que qualquer solução viável dependerá de um esforço coletivo e de forte solidariedade entre os 27 membros da União Europeia.
Os líderes do bloco devem retomar as discussões sobre o financiamento ucraniano na cúpula de dezembro. Sem um consenso, a UE terá que recorrer a alternativas mais caras e complexas, como garantias nacionais ou empréstimos diretos dos Estados-membros, o que poderia atrasar significativamente o apoio necessário à Ucrânia em um momento crítico do conflito.