O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira, 25 de novembro de 2025, que aceitou o convite do líder chinês Xi Jinping para uma visita oficial a Pequim em abril. O anúncio ocorre em um momento de tensões crescentes entre China e Japão sobre a questão de Taiwan.
Diálogo telefônico e acordos comerciais
Trump revelou a decisão através de sua rede social Truth Social, após uma conversa telefônica com Xi Jinping. Os dois líderes discutiram diversos tópicos, incluindo Ucrânia, Rússia, fentanil e produtos agrícolas como soja.
"Acabei de ter uma ótima conversa telefônica com o Presidente Xi Jinping, da China. Discutimos muitos tópicos e fizemos um bom e importantíssimo acordo para nossos agricultores", escreveu Trump.
O republicano destacou que a ligação foi uma continuação do encontro bem-sucedido entre ambos na Coreia do Sul, há três semanas. Desde então, houve progresso significativo de ambos os lados para manter os acordos atualizados.
Crise entre China e Japão se intensifica
O contexto da visita ocorre em meio a uma escalada diplomática entre China e Japão. No início de novembro, a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sugeriu que um ataque chinês a Taiwan poderia levar a uma resposta militar de Tóquio.
Horas após conversar com Xi Jinping, Trump telefonou para Takaichi para discutir a situação com a China. O movimento revela a complexidade das relações na região.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, já havia alertado que o Japão "cruzou uma linha vermelha" com as declarações sobre Taiwan. Wang afirmou que o governo chinês está preparado para "responder resolutamente" caso necessário.
Medidas retaliatórias e tensões comerciais
A China já tomou medidas concretas contra o Japão. Na semana passada, Pequim suspendeu importações de frutos do mar japoneses, um movimento interpretado como retaliação pelas declarações sobre Taiwan.
Antes da suspensão, o mercado chinês - incluindo Hong Kong - representava mais de um quinto das exportações japonesas de frutos do mar.
Enquanto autoridades chinesas alegaram questões de qualidade da água, o contexto político deixou claro o caráter retaliatório da medida.
Repercussão internacional e posicionamentos
A China enviou uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na sexta-feira, 21 de novembro, criticando a "grave violação do direito internacional" por parte da primeira-ministra japonesa.
O documento afirmava claramente que "se o Japão ousar tentar uma intervenção armada na situação do Estreito, será um ato de agressão".
O embaixador da China nas Nações Unidas, Fu Cong, escreveu na carta que "a China exercerá resolutamente seu direito de autodefesa sob a Carta da ONU".
Consequências práticas para cidadãos
As tensões diplomáticas já afetam cidadãos comuns. A embaixada do Japão em Pequim emitiu alerta de segurança para seus cidadãos na China, orientando respeito aos costumes locais e cuidado ao interagir com locais.
Por outro lado, a China desaconselhou viagens ao Japão. Mais de 10 companhias aéreas chinesas, incluindo Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines, ofereceram reembolsos para voos com destino ao Japão até 31 de dezembro.
A Sichuan Airlines cancelou planos para a rota Chengdu-Sapporo até pelo menos março, segundo a mídia estatal chinesa.
Análise do contexto diplomático
Especialistas observam que a iniciativa de Xi Jinping para uma ligação telefônica com Trump revela uma tentativa de influenciar os Estados Unidos para conter o Japão.
O resumo oficial chinês do bate-papo indicou que Xi usou um argumento histórico curioso, lembrando que os dois países "lutaram lado a lado contra o fascismo e o militarismo" durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Japão era inimigo comum.
Segundo Wendy Cutler, vice-presidente sênior do Asia Society Policy Institute, "enquanto Pequim enfatizou a discussão sobre Taiwan e Ucrânia na ligação entre os líderes hoje, Trump, sem surpresa, focou em questões econômicas e comerciais".
O porta-voz do governo japonês, Minoru Kihara, confirmou que um alto funcionário do governo Takaichi se reuniu com diplomatas em Pequim na terça-feira, 18 de novembro, para tentar amenizar a tensão, mas sem avanços iminentes.
O Ministério das Relações Exteriores da China relatou ter exigido que a premiê se retratasse durante a reunião, mas Kihara descartou a possibilidade.