O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (25) que está disposto a conversar com o líder venezuelano Nicolás Maduro, mas deixou claro que Washington não hesitará em agir pelo "jeito difícil" se necessário. As declarações foram feitas a bordo do Air Force One e representam uma nova escalada nas tensões entre os dois países.
Diálogo ou confronto: as opções sobre a mesa
Questionado sobre o motivo de buscar conversas com Maduro mesmo considerando-o chefe de uma organização terrorista, Trump foi direto: "Se pudermos salvar vidas, se pudermos resolver as coisas do jeito fácil, seria bom. E se tivermos que fazer isso do jeito difícil, tudo bem, também". O presidente norte-americano evitou detalhar seus objetivos específicos na Venezuela, afirmando que "todos sabem qual é" e reforçando acusações de tráfico de drogas contra o governo venezuelano.
O site Axios, especializado em política norte-americana, já havia revelado que Trump expressou a aliados próximos seu interesse em um contato telefônico direto com Maduro. A informação surgiu no mesmo dia em que o governo americano incluiu oficialmente o Cartel de los Soles em sua lista de organizações terroristas, grupo que Washington afirma ser liderado pelo próprio Maduro e responsável pelo envio de drogas aos Estados Unidos.
Presença militar e operações secretas
Enquanto as declarações diplomáticas circulam, a Marinha dos EUA reforçou significativamente sua presença no Caribe. Desde setembro, Washington enviou para a região oito navios de guerra, caças F-35 e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, que chegou às águas caribenhas na semana passada.
Uma autoridade não identificada disse ao Axios que "ninguém está planejando entrar lá e atirar nele ou sequestrá-lo — neste momento", mas deixou claro que essa possibilidade não está completamente descartada. Um funcionário da Casa Branca acrescentou que as operações secretas em curso "não visam matar Maduro", mas sim "detter o narcotráfico".
Classificação como terrorista e consequências
A designação do Cartel de los Soles como organização terrorista dá aos Estados Unidos poderes significativos. Segundo analistas, a medida permitiria ataques a alvos vinculados a Maduro em território venezuelano. O próprio Trump afirmou que "todas as opções" permanecem sobre a mesa, embora tenha dito que não pretende exercer essa alternativa no momento.
O governo venezuelano respondeu às acusações, classificando a designação como "ridícula" e acusando Washington de tentar forçar uma mudança de regime na Venezuela. Maduro nega tanto as acusações de tráfico quanto a própria existência do Cartel de los Soles, posição que encontra eco entre alguns especialistas.
As forças americanas na região já realizaram pelo menos 21 ataques contra supostos barcos de narcotráfico no Caribe e no Pacífico desde o início da operação, resultando na morte de 83 pessoas. Washington também acusa o Cartel de los Soles de trabalhar com a gangue venezuelana Tren de Aragua, igualmente designada como organização terrorista estrangeira pelos Estados Unidos.