O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desencadeou uma nova polêmica ao exigir publicamente a revogação das licenças de transmissão das afiliadas da ABC, pertencente à Walt Disney. O motivo foi uma pergunta feita por uma repórter da rede sobre o escândalo envolvendo Jeffrey Epstein durante evento no Salão Oval.
O incidente que desencadeou a crise
Durante um encontro com o príncipe herdeiro saudita realizado nesta terça-feira (18), uma repórter da ABC News questionou Trump sobre o caso Epstein. Imediatamente após o episódio, o presidente americano manifestou sua indignação através de declarações contundentes.
"Acho que a licença deveria ser retirada da ABC, porque suas notícias são tão falsas e tão erradas", afirmou Trump em tom de confronto.
Histórico de tensões com a mídia
Esta não é a primeira vez que a ABC se torna alvo das críticas de Trump. Em setembro, o presidente já havia elogiado o republicano Brendan Carr, presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), por pressionar as emissoras a tirar do ar o apresentador Jimmy Kimmel.
Trump também direcionou suas críticas à NBC, sugerindo a revogação das licenças da emissora pertencente à Comcast. O presidente tem repetidamente solicitado à FCC que tome medidas contra essas redes de televisão.
O relacionamento conturbado com a mídia ganhou novo capítulo quando Trump pediu à NBC que demitisse o apresentador Seth Meyers, criticando um de seus monólogos satíricos.
Posicionamento da FCC e limites legais
A comissária democrata da FCC, Anna Gomez, reagiu às ameaças de Trump com firmeza. "A FCC não pode decidir se a cobertura jornalística dos que estão no poder é aceitável", declarou Gomez.
Ela acrescentou que a agência "não tem nem a autoridade legal nem o direito constitucional de perseguir as emissoras por seu jornalismo", classificando as ameaças como "soam sombrias, mas são vazias".
A FCC, uma agência federal independente, emite licenças de oito anos para estações individuais, não para redes. Embora exista a possibilidade técnica de revogar licenças com base em padrão de interesse público, essa medida não é utilizada há mais de quatro décadas.
Contexto regulatório e precedentes
O primeiro presidente da FCC indicado por Trump, Ajit Pai, já havia rejeitado em 2017 pedidos similares para revogar licenças da NBC, argumentando que a agência "não tem autoridade para revogar a licença de uma estação de transmissão com base no conteúdo".
Recentemente, em julho, a FCC aprovou a fusão de US$ 8,4 bilhões entre a Paramount Global (controladora da CBS) e a Skydance Media, após acordo que incluiu garantias sobre imparcialidade na programação de notícias.
Este processo ocorreu pouco depois da Paramount concordar em pagar US$ 16 milhões para encerrar ação judicial movida por Trump contra a CBS devido à edição de entrevista no programa "60 Minutes" com Kamala Harris.
Os democratas da Câmara dos Representantes já iniciaram investigações sobre as tentativas de interferência na mídia, enquanto o caso continua a gerar debates sobre liberdade de imprensa e limites do poder executivo.