O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está organizando uma conversa telefônica direta com o ditador venezuelano Nicolás Maduro, conforme revelado pelo portal americano Axios na noite de segunda-feira, 25 de novembro de 2025.
O planejamento desta ligação ocorre em um momento de intensa pressão militar norte-americana sobre a Venezuela, incluindo a recente designação do Cartel dos Sóis como organização terrorista pelo Pentágono.
Contexto da conversa
Ainda não existe uma data definida para o telefonema, que está "em fase de planejamento", segundo um funcionário do governo americano que conversou com o Axios. A iniciativa surge após declarações de Trump na semana passada, quando ele mencionou que "pode ter algumas conversas com Maduro" e que via "uma solução diplomática como muito provável".
Um assessor presidencial revelou ao portal que, embora Trump não tenha dito explicitamente, o presidente americano deseja que seu legado inclua ter feito "tudo o que pôde para conter o fluxo de drogas ilegais" para os Estados Unidos.
Operação militar em andamento
A decisão de Trump acontece em meio à Operação Lança do Sul, uma campanha militar que já resultou em mais de vinte ataques a embarcações suspeitas de transportar drogas e na morte de pelo menos 83 pessoas.
Enquanto isso, o general Dan Caine — considerado o cérebro militar por trás da operação — visitou Porto Rico nesta segunda-feira, onde aproximadamente 10 mil soldados, marinheiros e pilotos americanos estão estacionados.
Classificação como organização terrorista
Na mesma segunda-feira, 24 de novembro, o Departamento de Estado americano classificou oficialmente o Cartel dos Sóis como uma "Organização Terrorista Estrangeira", decisão que fornece aos Estados Unidos bases legais adicionais para realizar operações militares dentro e ao redor da Venezuela.
Líderes e militares venezuelanos têm sido publicamente associados ao grupo desde 2007, embora Maduro tenha negado as acusações, afirmando que o cartel "não existe".
Objetivos não declarados
Embora oficialmente a Operação Lança do Sul seja apresentada como uma força de combate ao narcotráfico, fontes do Axios indicam que, extraoficialmente, suas ações visam provocar uma mudança de regime em Caracas.
Um funcionário da Casa Branca foi direto ao ponto: "Temos operações secretas, mas elas não são planejadas para matar Maduro. São planejadas para impedir o narcotráfico. Se Maduro cair (no meio tempo), não derramaremos uma lágrima".
O mesmo funcionário classificou Maduro como um "narcoterrorista" e considerou suas promessas como "vazias".
Complexidade política
Autoridades americanas reconhecem que parte do desafio em persuadir Maduro a deixar o poder é o temor de que seus aliados — especialmente Cuba — possam executá-lo caso ele ceda à pressão americana.
A Venezuela mantém alianças estratégicas com Irã, China e Rússia, complicando ainda mais o cenário geopolítico.
Antes do lançamento da Operação Lança do Sul, Trump já havia tentado negociar com Maduro, nomeando o conselheiro Ric Grenell como enviado amigável à Venezuela. Na época, o ditador teria oferecido as riquezas de seu país a Washington, gesto que Trump interpretou como um sinal de que Caracas havia entendido que "não se deve mexer com os Estados Unidos".
No entanto, Maduro impôs uma condição inaceitável para Washington: permanecer no poder, acordo que Trump não estava disposto a aceitar.
O planejamento da conversa telefônica pode indicar que ataques com mísseis ou ações militares diretas em terra não são iminentes, conforme sugerido por fontes ouvidas pelo Axios.
Um funcionário familiarizado com as discussões afirmou: "Ninguém está planejando entrar lá e atirar nele (Maduro) ou capturá-lo — neste momento. Eu não diria que nunca, mas esse não é o plano agora".
Enquanto as conversas são planejadas, as operações militares continuam: "Vamos explodir barcos que transportam drogas. Vamos acabar com o tráfico de drogas", completou o funcionário.