Trump não descarta envio de tropas à Venezuela e abre diálogo com Maduro
Trump não descarta enviar tropas à Venezuela

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, que não descarta a possibilidade de enviar tropas americanas para a Venezuela, embora tenha demonstrado abertura para estabelecer um diálogo com o presidente Nicolás Maduro.

Declarações contraditórias na Casa Branca

Em entrevista a jornalistas na Casa Branca, Trump foi questionado se excluiria a opção militar contra a Venezuela. "Não, não descarto isso, não descarto nada", respondeu o mandatário americano de forma enfática.

Contudo, em seguida, ao ser indagado sobre a possibilidade de conversar com Maduro, Trump surpreendeu ao dar uma resposta positiva: "Provavelmente falarei com ele, sim. Eu falo com todo mundo", declarou.

Reação venezuelana e contexto de tensão

Maduro não demorou a responder às declarações de Trump. Durante sua participação semanal em um programa da televisão estatal venezuelana, o líder afirmou que "nos Estados Unidos, quem quiser conversar com a Venezuela conversará, cara a cara, sem nenhum problema".

O presidente venezuelano reiterou a importância de resolver as diferenças através da diplomacia, não por meios militares, e demonstrou interesse em discutir pessoalmente o assunto com Trump.

Este intercâmbio verbal ocorre em meio a uma significativa escalada das tensões entre os dois países. No domingo, 16 de novembro, os Estados Unidos anunciaram que classificarão o Cartel de los Soles — que, segundo a Casa Branca, é liderado por Maduro — como uma Organização Terrorista Estrangeira (FTO).

O governo americano oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do líder chavista. Além disso, no final de outubro, Trump revelou que autorizou a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela.

Disposição militar americana no Caribe

A tensão regional se intensificou com o envio de uma impressionante força militar americana para o Caribe. A mobilização inclui:

  • O USS Gerald R. Ford, maior porta-aviões do mundo
  • Destróieres com mísseis guiados
  • Caças F-35
  • Um submarino nuclear
  • Aproximadamente 6.500 soldados

Paralelamente, os Estados Unidos intensificaram ataques a barcos de Organizações Terroristas Designadas no Caribe e Pacífico, resultando em 83 mortos. A Organização das Nações Unidas classificou essas ações como "execuções extrajudiciais".

Controvérsias e dados contraditórios

Trump defendeu os ataques argumentando que os EUA "já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela", o que tornaria as ações legítimas. Autoridades americanas afirmaram que disparos letais são necessários porque métodos tradicionais falharam em conter o fluxo de narcóticos.

No entanto, dados das Nações Unidas contradizem o discurso oficial. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que:

  • O fentanil — principal responsável pelas overdoses nos EUA — tem origem no México, não na Venezuela
  • A Venezuela praticamente não participa da produção ou contrabando desse opioide para os EUA
  • As drogas mais usadas pelos americanos não têm origem venezuelana
  • A cocaína, consumida por cerca de 2% da população americana, vem majoritariamente da Colômbia, Bolívia e Peru

Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na sexta-feira, 14 de novembro, revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas para matar suspeitos de narcotráfico sem devido processo judicial.

O levantamento também mostrou divisão entre os apoiadores de Trump: 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações.