Em uma decisão histórica, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos realiza nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, a votação de um projeto de lei que determina a liberação completa de todos os arquivos relacionados ao caso Jeffrey Epstein. A medida ocorre em meio a uma surpreendente mudança de posição do presidente Donald Trump, que instruiu pessoalmente os parlamentares republicanos a apoiarem a divulgação.
A reviravolta de Trump nas vésperas da votação
O presidente americano executou uma mudança radical de postura às vésperas da votação crucial. Trump, que passou meses evitando o assunto, agora pressiona ativamente os membros de seu partido para votarem a favor da liberação total dos documentos.
Em publicação em sua rede social Truth Social, o mandatário justificou: "Os republicanos da Câmara devem votar pela divulgação dos arquivos de Epstein porque não temos nada a esconder". Ele acrescentou que é hora de "ultrapassarmos esta farsa democrata" e retornar ao foco nas questões econômicas.
O discurso foi reforçado durante pronunciamento no Salão Oval na segunda-feira, 17 de novembro, quando Trump afirmou: "Vamos dar tudo a eles. Deixem o Senado analisar, deixem qualquer um analisar", demonstrando aparente transparência sobre o polêmico caso.
E-mails comprometedores e revelações
As trocas de e-mails recentemente divulgadas pela Comissão de Supervisão da Câmara trazem revelações explosivas sobre o relacionamento entre Trump e Epstein. Os documentos sugerem que o presidente não apenas conhecia os crimes cometidos pelo financista, como também passou "horas" com uma das vítimas, identificada como Virginia Giuffre.
As correspondências eletrônicas, trocadas com Ghislaine Maxwell - cúmplice condenada por tráfico sexual - e com o escritor Michael Wolff, revelam estratégias para lidar com perguntas sobre a relação entre os dois bilionários durante a campanha presidencial de 2015.
Em um trecho particularmente revelador, Epstein pergunta: "Se pudéssemos elaborar uma resposta para ele, qual você acha que deveria ser?". Wolff responde sugerindo que Epstein "deveria deixá-lo se enforcar" se Trump negasse ter estado no avião ou na casa do financista.
Histórico da relação Trump-Epstein
A conexão entre Donald Trump e Jeffrey Epstein remonta a mais de três décadas, quando ambos circulavam nos mesmos ambientes sociais de elite de Nova York e Flórida. Em entrevista à revista New York em 2002, Trump descreveu Epstein como "fantástico" e "muito divertido de se estar por perto".
Na mesma ocasião, o então empresário fez um comentário revelador: "Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são do tipo mais jovem". A declaração ganha contornos sinistros diante das acusações de exploração sexual de menores que levaram Epstein à prisão.
Epstein, que convivia com milionários de Wall Street, membros da realeza e celebridades, cometeu suicídio por enforcamento em agosto de 2019, pouco mais de um mês após ser preso. Sua morte ocorreu mais de uma década após um acordo judicial que o protegeu de acusações anteriores.
Pressão política e consequências
A reviravolta de Trump ocorre em um contexto de pressão crescente da oposição e até de membros de sua própria base política. Teorias conspiratórias dentro do movimento MAGA sugeriam que o presidente estaria em uma lista secreta de pessoas que se beneficiavam do esquema de Epstein.
Como promessa de campanha, Trump havia se comprometido a liberar os documentos relacionados ao caso se retornasse à Casa Branca. Entretanto, quando arquivos foram divulgados em janeiro, criou-se um clima de insatisfação, pois as informações já eram conhecidas do público.
Em setembro, os democratas da Câmara divulgaram uma suposta carta de Trump para Epstein, parte de um álbum de aniversário organizado para o financista em 2003. O documento, que mostrava um desenho de uma mulher nua com mensagens insinuantes, foi negado pelo republicano.
A votação desta terça-feira representa um momento decisivo não apenas para o desvendamento completo do caso Epstein, mas também para o futuro político de Donald Trump e para a transparência sobre um dos escândalos mais notórios da história recente americana.