As negociações de paz para encerrar o conflito na Ucrânia entraram em uma nova fase nesta semana, com o presidente americano Donald Trump anunciando "grande progresso" nas tratativas, enquanto Kiev e Moscou mantêm posições divergentes sobre a questão territorial.
Declarações otimistas e impasses persistentes
Em publicação nas redes sociais nesta segunda-feira, 24 de novembro de 2025, Trump expressou otimismo sobre os avanços nas conversas de paz. "Será mesmo possível que um grande progresso esteja sendo feito nas negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia???", questionou o presidente americano, acrescentando: "Não acreditem até verem, mas algo bom pode estar acontecendo. DEUS ABENÇOE A AMÉRICA!".
As declarações ocorrem após Washington e Kiev terem emitido uma declaração conjunta no domingo, 23 de novembro, afirmando que qualquer acordo futuro "deve respeitar integralmente a soberania da Ucrânia" e garantir uma paz justa e sustentável. As partes informaram ter elaborado um plano de paz "atualizado e aprimorado" após Kiev rejeitar a versão inicial por considerar os termos excessivamente favoráveis à Rússia.
Zelensky mantém firmeza sobre integridade territorial
Em contraponto ao otimismo de Trump, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky manteve posição firme durante discurso por vídeo ao Parlamento sueco nesta segunda-feira. Ele afirmou que a cessão de território à Rússia continua sendo o "principal problema" após as negociações em Genebra.
"Putin quer reconhecimento legal para o que roubou. Isso violaria o princípio da integridade territorial e da soberania", declarou Zelensky aos parlamentares suecos, insistindo que "fronteiras não podem ser alteradas pela força". O líder ucraniano ainda fez um apelo às nações europeias: "Mantenham a pressão sobre a Rússia. A Rússia ainda está matando pessoas".
Posicionamento russo e detalhes do plano original
Enquanto os Estados Unidos afirmam que "revisões e esclarecimentos" foram feitos ao plano de paz, Moscou adotou postura cautelosa. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que o governo Putin acompanha as discussões e entende que "alguns ajustes" foram realizados nos planos recebidos anteriormente, mas ressaltou: "Até agora, não recebemos nada oficialmente".
O plano original, inspirado no acordo de 21 pontos para a paz em Gaza, contém 28 pontos que preveem:
- Reconhecimento da Crimeia, Luhansk e Donetsk como território russo
- Redução do exército ucraniano para 600 mil soldados (quase metade do atual)
- Impedimento da entrada da Ucrânia na OTAN
- Reintegração da Rússia à economia global e readmissão no G8
- Congelamento das linhas de frente em Kherson e Zaporizhzhia
- Transferência da usina nuclear de Zaporizhzhia para supervisão da AIEA
- Destino de US$ 100 bilhões em ativos russos para reconstrução da Ucrânia
O documento também estabelece que a Ucrânia realizaria eleições em até 100 dias e que ambos os países implementariam programas educacionais para promover tolerância cultural.
A evolução dessas negociações continua sendo acompanhada com atenção pela comunidade internacional, que busca uma solução diplomática para um conflito que já dura anos e causou milhares de vítimas.