O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu publicamente em defesa do seu enviado especial Steve Witkoff após a revelação de conversas telefônicas com assessores do Kremlin sobre a guerra na Ucrânia. As informações, divulgadas pela agência Bloomberg, mostram que Witkoff teria aconselhado estrategicamente o governo russo sobre como lidar com a Casa Branca.
As revelações das ligações
Em uma conversa telefônica ocorrida em 18 de outubro de 2025, pouco depois do acordo entre Israel e Hamas entrar em vigor, Witkoff trocou informações com Yuri Ushakov, assessor de política externa da Rússia. O enviado americano sugeriu que o momento era propício para avançar nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.
Durante a ligação, Witkoff afirmou: "Bem, escute. Vou lhe dizer uma coisa. Acho que, se conseguirmos resolver a questão Rússia-Ucrânia, todos ficarão muito felizes". Na sequência, Ushakov propôs uma ligação direta entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin.
Estratégias reveladas
O enviado americano deu orientações específicas sobre como o governo russo deveria abordar Trump. Witkoff recomendou que os russos elogiassem publicamente o presidente americano pela conquista do acordo em Gaza e o caracterizassem como "um homem de paz".
Em trechos reveladores da conversa, Witkoff declarou: "Eu só quero que você diga, talvez apenas para dizer isso ao Presidente Putin, porque você sabe que tenho o mais profundo respeito pelo Presidente Putin". O assessor também sugeriu a criação de um plano de paz de 20 pontos, similar ao que havia sido feito no conflito entre Israel e Hamas.
Reação de Trump e consequências
A bordo do Air Force One, Trump defendeu publicamente as ações de seu enviado especial. O presidente americano caracterizou as conversas como "algo padrão" e parte do trabalho de um negociador. Trump afirmou que Witkoff estaria fazendo o mesmo tipo de mediação com a Ucrânia.
Enquanto isso, em paralelo às conversas reveladas, Dan Driscoll, secretário do Exército dos Estados Unidos, se reuniu com uma delegação russa em Abu Dhabi para apresentar um plano revisado de paz, que amenizava pontos mais favoráveis a Moscou após críticas da Ucrânia e de países europeus.
As revelações ocorrem em um momento delicado das relações internacionais e expõem as complexas negociações em torno do conflito entre Rússia e Ucrânia, que completa mais de três anos sem uma solução definitiva.