O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (27) que ofensivas terrestres contra o narcotráfico na Venezuela devem ter início em um futuro próximo. A declaração representa mais um capítulo na escalada de tensões entre Washington e Caracas.
Ampliação da estratégia antidrogas
Durante conferência com militares, Trump afirmou que o tráfico de drogas por mar está diminuindo significativamente. Agora, segundo o mandatário americano, os Estados Unidos passarão a impedir também o transporte de entorpecentes por terra, método considerado por ele "mais fácil" de ser combatido.
"Alertamos eles a pararem de enviar veneno para o nosso país", acrescentou o presidente, em referência direta ao governo venezuelano. Trump não forneceu detalhes específicos sobre como seriam conduzidas as operações terrestres nem precisou datas exatas para seu início.
Diálogo possível, mas ameaças persistentes
A bordo do Air Force One, Trump foi questionado sobre por que consideraria conversar com Nicolás Maduro, mesmo afirmando que o líder venezuelano chefia uma organização terrorista. "Se pudermos salvar vidas, se pudermos resolver as coisas do jeito fácil, seria bom. E se tivermos que fazer isso do jeito difícil, tudo bem também", respondeu.
Esta não é a primeira vez que Trump faz referência a abordagens mais duras. Na terça-feira (25), o presidente já havia declarado que estava disposto a lidar com a Venezuela do "jeito difícil", caso necessário.
Cartel de los Soles na mira
No início da semana, o governo americano incluiu o Cartel de los Soles na lista de organizações terroristas. Washington afirma que o grupo, supostamente liderado por Maduro, atua no envio de drogas aos Estados Unidos.
Trump afirmou que a classificação do cartel como entidade terrorista dá ao governo base legal para atacar alvos ligados a Maduro em território venezuelano. Embora tenha dito que não pretende fazê-lo, reiterou que "todas as opções" permanecem sobre a mesa.
A Venezuela nega veementemente as acusações, classificando como "ridícula" a decisão de Washington e rejeitando qualquer vínculo com o suposto cartel. Especialistas internacionais contestam inclusive a própria existência da organização.
Presença militar reforçada
Os Estados Unidos reforçaram significativamente sua presença militar no Caribe desde setembro. A operação inclui:
- Oito navios de guerra
- Caças F-35
- Porta-aviões Gerald Ford, o maior do mundo
Segundo Washington, a operação tem como único objetivo o combate ao narcotráfico. No entanto, desde o início da escalada, especula-se que os EUA possam tentar remover Maduro do poder por meio de ação militar, incluindo uma possível invasão terrestre.
Apesar do aumento da pressão, autoridades americanas disseram ao site Axios que não há plano "neste momento" de capturar ou matar Maduro. Uma das autoridades, sob condição de anonimato, afirmou que operações clandestinas conduzidas pelos EUA têm como alvo o narcotráfico, não o presidente venezuelano, mas acrescentou: "Se Maduro sair, não derramaremos uma lágrima".
O governo venezuelano continua acusando os Estados Unidos de buscarem forçar uma mudança de regime no país, intensificando as já existentes tensões diplomáticas entre as duas nações.