Trump acusa África do Sul de genocídio branco e corta convite para G20
Trump acusa África do Sul de genocídio e corta G20

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou nova crise diplomática ao anunciar que a África do Sul não participará da reunião do G20 em 2026, marcada para Miami. A decisão ocorre após o republicano reiterar acusações infundadas de que o governo sul-africano promove um genocídio contra a minoria branca do país.

Encontro constrangedor na Casa Branca

Durante visita do presidente Cyril Ramaphosa à Casa Branca em maio, Trump causou desconforto ao exibir vídeos que supostamente mostrariam crimes contra brancos na África do Sul. Ramaphosa afirmou nunca ter visto as imagens e negou veementemente a existência de qualquer genocídio em seu país.

O incidente não é isolado. Desde o início do ano, Trump tem adotado medidas duras contra a África do Sul, incluindo o corte de assistência financeira em fevereiro e a expulsão do embaixador sul-africano nos EUA em março.

As acusações e a realidade dos fatos

Em publicação em sua rede social Truth Social, Trump justificou a exclusão do G20 afirmando que os Estados Unidos não participariam de cúpula na África do Sul porque o governo "se recusa a reconhecer violações de direitos humanos contra africâneres".

Entretanto, dados oficiais contradizem as alegações. Entre outubro e dezembro de 2024, apenas 12 pessoas morreram em ataques a fazendas na África do Sul, sendo apenas uma vítima identificada como fazendeiro. As taxas de homicídio no país são altas, mas a grande maioria das vítimas é negra.

Contexto da reforma agrária

O governo de Ramaphosa implementa uma reforma agrária para corrigir desequilíbrios históricos do período do apartheid. Dados mostram que brancos controlam 75% das terras agrícolas, enquanto negros, que representam mais de 80% da população, possuem apenas 4% dessas áreas.

A ONG Human Rights Watch classificou as medidas de Trump como "distorção racial cruel", lembrando que milhares de refugiados negros tiveram pedidos de asilo negados pelo governo americano.

Em maio, 59 brancos sul-africanos chegaram aos EUA com status de refugiados, numa ação que especialistas consideram mais política do que humanitária.