O estado do Texas, nos Estados Unidos, deu um passo drástico nesta terça-feira (18) ao classificar oficialmente o Centro de Relações Islâmicas-Americanas (Cair) como uma organização terrorista. A decisão partiu do governador republicano Greg Abbott e abre caminho para a expulsão da entidade do território texano.
Medida polêmica e suas justificativas
No mesmo decreto, o governador incluiu a Irmandade Muçulmana na lista de organizações terroristas. O texto afirma que o Cair seria uma "organização sucessora" desse grupo fundado em 1928.
Para embasar sua decisão, Abbott citou um processo de 2007 onde o Centro foi mencionado entre 275 organizações muçulmanas que supostamente seriam "cúmplices" em um esquema de lavagem de dinheiro para financiar o Hamas. Embora o Cair nunca tenha sido formalmente acusado de crimes, o FBI suspendeu sua cooperação com a organização em 2008 - outro fato utilizado como justificativa no decreto.
Impacto imediato para a comunidade muçulmana
As consequências da medida são severas e imediatas. Com a nova classificação, o Cair e seus dirigentes estão proibidos de comprar terrenos no Texas. Além disso, o procurador-geral do estado deve iniciar um processo legal para expulsar definitivamente a organização.
A situação preocupa especialmente os aproximadamente 300 mil muçulmanos que vivem no Texas, representando pouco mais de 1% da população local. Fundado em 1994 em Washington, o Cair ganhou projeção nacional nos anos 2000 ao denunciar o aumento de casos de racismo e islamofobia após os ataques de 11 de Setembro.
Repercussão política e declarações polêmicas
A medida foi comemorada por políticos republicanos, incluindo Valentina Gomez, pré-candidata à Câmara dos Representantes nas eleições de 2026. Em publicação no X, Gomez afirmou ter se reunido com Abbott para "tratar do problema muçulmano no Texas" e prometeu tornar o estado "o pior lugar para o Islã e para imigrantes ilegais".
Em resposta a comentários, a política foi ainda mais longe: "se eu chegar ao Congresso, o Texas se livrará desses muçulmanos sujos". Recentemente, o Cair havia sido criticado por suas posições contra as ações de Israel na Faixa de Gaza e por declarações de alguns membros que classificaram "sionistas" como inimigos de muçulmanos.
No âmbito federal, republicanos pressionam o governo de Donald Trump para investigar possíveis ligações financeiras entre o Cair e o Hamas, mostrando que a controvérsia deve se estender além das fronteiras do Texas.