Taiwan distribui manual para 9 milhões de lares sobre invasão chinesa
Taiwan distribui manual contra invasão chinesa

O governo de Taiwan iniciou nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, a distribuição em massa de um manual de segurança pública que prepara os cidadãos para um possível conflito armado com a China. A ação ocorre em meio ao aumento das tensões na região, alimentadas pela pressão contínua de Pequim sobre Taipei.

Conteúdo do guia de segurança nacional

Intitulado "Quando a Crise Acontece: Guia Nacional de Segurança Pública", o documento possui 29 páginas organizadas em três capítulos distintos. O material oferece orientações específicas sobre como a população deve agir durante diferentes cenários de crise, incluindo desastres naturais, campanhas de desinformação e conflitos armados.

Segundo Shen Wei-chih, diretor da Agência de Mobilização Geral de Defesa do Ministério da Defesa Nacional, o objetivo principal do guia é "aprimorar a compreensão geral da sociedade sobre ameaças e fortalecer a consciência de defesa". Ele destacou ainda que a iniciativa demonstra a ênfase do governo na segurança das pessoas e sua determinação em exercer a autodefesa.

Orientações específicas para situações de conflito

Entre as instruções mais relevantes contidas no manual, destacam-se:

  • Não compartilhar imagens nas redes sociais durante situações de conflito para evitar fornecer informações estratégicas aos inimigos
  • Desconfiar de qualquer notícia relacionada a uma suposta derrota ou rendição do governo
  • Considerar sempre falsas informações sobre a capitulação de Taiwan durante um conflito

O manual enfatiza particularmente o cuidado com campanhas de desinformação, orientando os cidadãos a verificarem cuidadosamente qualquer informação recebida durante crises.

Distribuição em todo o território

A operação de distribuição do guia é uma das maiores já realizadas no país. Mais de 9 milhões de residências devem receber um exemplar do material até o dia 5 de janeiro.

O processo será liderado pelo Ministério dos Transportes e Comunicações em parceria com a empresa estatal de correios Chunghwa, sendo organizado em quatro fases distintas. Na quarta-feira, 19 de novembro, a distribuição começou pelas áreas remotas, incluindo os arquipélagos de Penghu, Kinmen e Matsu, com previsão de expandir gradualmente até cobrir todo o território nacional.

Estratégia de internacionalização

Além da distribuição doméstica, 105 mil cópias adicionais em língua inglesa serão enviadas para embaixadas e representações diplomáticas de países que não mantêm relações formais com Taiwan. De acordo com Chao Shih-hsuan, conselheiro adjunto do Ministério das Relações Exteriores, esse processo também teve início na quarta-feira, servindo como uma forma de internacionalizar a posição taiwanesa.

Contexto geopolítico tenso

A publicação do manual ocorre em um momento de crescente tensão entre China e Taiwan. A China considera Taiwan como "parte inalienável" do território chinês e não descarta o uso da força para tomar o controle da ilha. Em contrapartida, o governo taiwanês mantém a posição oficial de que o país é soberano e que seu futuro só pode ser definido pelos seus 23 milhões de habitantes.

As tensões regionais se intensificaram recentemente com as declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que insinuaram uma possível intervenção militar japonesa em caso de agressão chinesa contra Taiwan. O episódio levou à convocação de embaixadores tanto em Pequim quanto em Tóquio para esclarecimentos, criando um clima de desconforto diplomático na região.

O manual de segurança representa uma medida concreta do governo taiwanês para preparar sua população diante das incertezas geopolíticas, reforçando tanto a resiliência civil quanto a determinação nacional em manter sua autonomia.