Uma senadora de extrema-direita provocou um verdadeiro alvoroço no Parlamento da Austrália ao aparecer vestindo uma burca durante uma sessão legislativa. O episódio ocorreu nesta segunda-feira, 24 de novembro de 2025, e rapidamente se tornou o centro de acalorados debates sobre tolerância religiosa e liberdade de expressão.
O protesto polêmico no Senado
Pauline Hanson, líder do partido anti-imigração One Nation, utilizou a vestimenta tradicional muçulmana como forma de protesto depois que sua tentativa de apresentar um projeto de lei para proibir o uso da burca em locais públicos foi barrada. A senadora independente Tammy Tyrell foi quem impediu a apresentação da proposta legislativa.
Minutos após ter seu pedido negado, Hanson deixou a câmara e retornou usando uma burca na cor preta. A cena causou reação imediata entre os parlamentares presentes, com muitos acusando a senadora de promover islamofobia e racismo.
Reações imediatas e consequências
A senadora independente Lidia Thorpe reagiu com indignação à entrada de Hanson no plenário. "Isso não pode estar acontecendo", declarou ela, conforme relatado pelo jornal The Sydney Morning Herald. "Tirem essa racista daqui agora. Tirem-na daqui. Quem está no comando aqui?"
Inicialmente, a sessão não foi interrompida, com o presidente interino Slade Brockman considerando que a vestimenta era permitida. No entanto, a situação mudou quando a presidente do Senado, Sue Lins, retornou urgentemente ao plenário e determinou que Hanson removesse a burca.
Mesmo sob ameaça de suspensão, a senadora se recusou a retirar a indumentária. A postura teimosa levou a uma votação esmagadora dos demais senadores para afastá-la do Parlamento pelo resto do dia.
Justificativas e repercussão política
Após o episódio, Hanson se manifestou através do Facebook, defendendo seu ato como um protesto legítimo. Ela argumentou que a burca representa um risco para a segurança nacional e que seus colegas parlamentares haviam impedido a discussão sobre o tema.
As reações de outros políticos não tardaram a aparecer. A senadora muçulmana Mehreen Faruqi, do Partido Verde Australiano, classificou Hanson como uma "senadora racista que flagrantemente demonstra racismo e homofobia". Já a líder do governo trabalhista no Senado, Penny Wong, afirmou que as ações da legisladora eram "indignas de uma senadora australiana".
Este não foi o primeiro episódio do tipo envolvendo Hanson. Em 2017, ela já havia utilizado a mesma tática como parte de sua cruzada contra o uso público da burca, gerando protestos na ocasião.
Pauline Hanson representa Queensland no Senado australiano e tem construído sua carreira política em torno de posições anti-imigração desde a década de 90, quando iniciou sua trajetória no cenário político do país.