Rússia rejeita modificações europeias ao plano de paz dos EUA para Ucrânia
Rússia rejeita mudanças europeias em plano de paz

Nesta segunda-feira (24), a Rússia manifestou sua rejeição às alterações propostas pela Europa ao plano de paz para a Ucrânia que havia sido apresentado originalmente pelos Estados Unidos. O posicionamento russo foi transmitido pelo conselheiro presidencial para assuntos internacionais, Yuri Ushakov.

Plano americano inicial era bem visto pelo Kremlin

De acordo com declarações de Ushakov à agência espanhola EFE, o plano europeu foi considerado "absolutamente não construtivo" pela liderança russa. Esta reação contrasta fortemente com a recepção positiva que o Kremlin havia dado à proposta original norte-americana, apresentada na semana passada.

O plano inicial dos Estados Unidos, que according to o Kremlin contemplava grande parte das exigências do presidente Vladimir Putin para encerrar o conflito iniciado em fevereiro de 2022, foi descrito como alinhado com discussões anteriores entre Putin e o ex-presidente americano Donald Trump durante a cúpula do Alasca em agosto.

Diferenças cruciais entre as propostas

As divergências entre as versões americana e europeia do plano de paz são significativas. Enquanto a proposta de Trump previa:

  • Redução do exército ucraniano para no máximo 600.000 efetivos
  • Cessão à Rússia de territórios não conquistados militarmente
  • Rejeição categórica à entrada da Ucrânia na NATO

a versão europeia traz alterações substanciais que incluem:

  • Manutenção de uma força ucraniana de 800.000 efetivos
  • Possível proibição do destacamento de forças da NATO na Ucrânia em tempo de paz
  • Espaço para decisão consensual dos países membros da Aliança Atlântica sobre adesão ucraniana

Negociações em andamento e próximos passos

Ushakov esclareceu que o Kremlin só tem conhecimento da versão inicial do plano de Trump e que nenhuma negociação específica foi realizada com representantes russos sobre o assunto. No entanto, o diplomata considerou lógico que os americanos entrem em contato com Moscou para iniciar discussões presenciais.

Enquanto isso, delegações da Ucrânia e dos Estados Unidos reuniram-se no fim de semana em Genebra, na Suíça, onde discutiram o plano e produziram uma nova proposta cujos termos não foram divulgados publicamente.

Após as conversas em Genebra, Estados Unidos e Ucrânia emitiram um comunicado conjunto informando que elaboraram "um quadro de paz atualizado e aperfeiçoado", enfatizando que qualquer acordo futuro "deve respeitar plenamente a soberania da Ucrânia e alcançar uma paz justa e sustentável".

Ushakov admitiu que muitas cláusulas do plano enviado ao Kremlin pareciam "totalmente aceitáveis" para Moscou, mas outras requeriam "uma discussão e uma análise o mais detalhada possível entre as partes". O conselheiro presidencial previu que o documento, que chamou de "espécie de projeto", será objeto de revisões tanto do lado russo quanto dos lados ucraniano, americano e europeu.

Um aspecto crucial de ambas as propostas é que não contemplam uma declaração de cessar-fogo até que os dois lados aceitem integralmente o plano de paz, segundo informações da agência EFE.