Um encontro diplomático sigiloso entre representantes da Coreia do Sul e da Rússia colocou em pauta as preocupações internacionais sobre o programa nuclear da Coreia do Norte e possíveis caminhos para a paz na península coreana. A reunião, não oficialmente confirmada pelos governos, ocorreu nos últimos dias em Moscou.
Os detalhes do encontro secreto
De acordo com informações da agência de notícias sul-coreana Yonhap, um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul, especializado em assuntos nucleares do vizinho do norte, viajou até a capital russa. Lá, ele se reuniu com Oleg Burmistrov, embaixador especial do governo de Vladimir Putin para questões de segurança nacional, que incluem o dossiê norte-coreano.
Os detalhes concretos das conversas permanecem sob extremo sigilo. No entanto, fontes relataram que o lado sul-coreano teria solicitado a mediação da Rússia para restabelecer o diálogo direto entre as duas Coreias já em 2026. Além da ameaça representada pelo arsenal de Pyongyang, outros temas de segurança mútua teriam sido abordados, sem maiores especificações.
O contexto geopolítico complexo
Este movimento ocorre em um momento de relações profundamente assimétricas na região. Enquanto a Coreia do Sul, sob o presidente Lee Jae-myung, busca uma abertura para reduzir décadas de animosidade desde a Guerra da Coreia (1950-1953), os vínculos entre Rússia e Coreia do Norte se fortalecem.
Nos últimos anos, o regime de Kim Jong-un tem fornecido munições e equipamentos militares para apoiar a guerra russa na Ucrânia. Em retribuição, Moscou oferece conhecimento técnico em áreas nuclear e militar a Pyongyang. É justamente essa influência que Seul espera utilizar, acreditando que a Rússia possa convencer Kim Jong-un a voltar à mesa de negociações.
Objetivos e expectativas para o futuro
A reunião secreta sinaliza uma tentativa pragmática de reativar os canais de comunicação em um dos conflitos mais congelados do mundo. Para Seul, conter a expansão do arsenal norte-coreano é uma prioridade de segurança máxima.
A aposta sul-coreana na mediação russa, porém, é arriscada, dado o atual alinhamento entre Moscou e Pyongyang. O sucesso desta iniciativa dependerá de como a Rússia balanceará seus novos laços de cooperação militar com a Coreia do Norte e seu interesse em manter um canal de diálogo com a Coreia do Sul e seus aliados ocidentais.