Base naval Roosevelt Roads reativa após 20 anos com F-35 e debate em Porto Rico
Roosevelt Roads reabre após 20 anos com F-35

Base abandonada ganha nova vida após 20 anos

A Base Naval Roosevelt Roads, em Porto Rico, que havia se transformado em mera atração turística desde seu fechamento em 2004, está recuperando seu papel estratégico nas operações militares dos Estados Unidos. Nos últimos três meses, a instalação recebeu caças F-35 de última geração e diversos recursos de apoio a operações militares.

O Pentágono justifica o movimento como parte do combate ao narcotráfico no Caribe, mas analistas interpretam a ação como uma pressão sobre o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. Além dos caças, a base recebeu equipamentos de comunicação e torres móveis para controle de tráfego aéreo.

Investimentos e melhorias na infraestrutura

Segundo apuração da Reuters, foram realizados reparos significativos nas pistas de pouso e taxiamento, permitindo o uso tanto para caças quanto para aviões de carga como o Boeing C-17 Globemaster, utilizado para transporte rápido de tropas e suprimentos. A Administração Federal de Aviação emitiu uma ordem de restrição de voos na área até 31 de março de 2026.

Samuel Rivera Valle, prefeito de Ceiba, onde a base está localizada, comemora os efeitos positivos: "Nos últimos dois meses, mais de mil militares chegaram ao local", afirmou, destacando que hotéis e restaurantes da região estão agora cheios.

História e controvérsias

A base, que leva o nome do ex-presidente Franklin D. Roosevelt, começou a operar em 1943 como centro de operações navais contra submarinos nazistas. Durante a Guerra Fria, tornou-se instalação central de apoio às operações da Frota do Atlântico dos EUA, com papel destacado na crise dos mísseis em Cuba em 1962.

O fechamento em 2004 ocorreu após protestos contra exercícios militares em Vieques, onde em 1999 um civil porto-riquenho morreu durante um treinamento. A base era um dos maiores empregadores de Porto Rico, gerando cerca de 3 mil empregos civis e injetando US$ 300 milhões anuais na economia local.

Debate sobre reabertura permanente

Enquanto autoridades locais como o prefeito Rivera defendem a reabertura permanente, organizações como Madres Contra la Guerra se opõem à medida. Sonia Santiago Hernández, porta-voz da ONG, alerta para a contaminação dos solos por produtos químicos pesados e questiona os benefícios econômicos.

José G. Caraballo Cueto, professor da Universidade de Porto Rico, sustenta que a ideia de que bases militares estimulam o crescimento econômico "é um mito". Ele compara a situação de Vieques e Ceiba com Aguadilla, que prosperou após o fechamento da base de Ramey em 1973.

O Pentágono, por sua vez, evitou se pronunciar sobre planos futuros, afirmando apenas que não divulga detalhes sobre operações por razões de segurança. Enquanto isso, Roosevelt Roads segue no centro de um debate que mistura interesses estratégicos, econômicos e ambientais.