Rio sedia 1ª Cúpula Popular do Brics com foco em sociedade civil
Rio sedia 1ª Cúpula Popular do Brics

A cidade do Rio de Janeiro se tornou palco de um marco para a participação social no cenário internacional. Começou nesta segunda-feira, 1º de setembro, a primeira edição da Cúpula Popular do Brics, um evento inédito que segue até a próxima quinta-feira, dia 4.

Um fórum para a voz da sociedade

O encontro, realizado no Armazém da Utopia, na Zona Portuária carioca, reúne representantes de movimentos sociais e da sociedade civil de 21 países. O objetivo central é criar um espaço de diálogo direto entre essas entidades e os chefes de Estado que compõem o bloco Brics.

“O principal objetivo é construir um fórum onde a sociedade civil possa dialogar diretamente com os chefes de Estado do Brics”, afirmou Marco Fernandes, membro da organização da Cúpula Popular. A programação destaca a relevância do grupo para questões globais, incluindo a produção agroecológica e a segurança alimentar.

Dilma Rousseff destaca papel de "arquitetos do futuro"

Em um discurso transmitido por vídeo, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, Dilma Rousseff, enalteceu a iniciativa. “Pela primeira vez, os povos dos países do Brics possuem um canal permanente de diálogo. Vocês não são observadores, são arquitetos do futuro que queremos construir”, declarou.

Ela reforçou os princípios do banco, afirmando: “Essa visão permanece no centro de nossa atuação. São os países-membros que definem suas prioridades. Nossa estrutura de governança é baseada na igualdade”. Dilma também mencionou que a Índia assumirá a presidência do Brics em 2026, o que trará novos desafios para ampliar a capacidade de investimento da instituição financeira do bloco.

Contexto e desdobramentos do Brics

Esta Cúpula Popular ocorre cerca de seis meses após a cúpula principal de chefes de Estado, que foi sediada no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio em julho, sob a presidência brasileira do bloco. Naquela ocasião, foi divulgada a Declaração do Rio de Janeiro, um documento abrangente com 126 pontos.

Os principais compromissos e posições anunciados na cúpula de julho incluem:

  • Defesa de uma reforma ampla da ONU, com modernização do Conselho de Segurança e maior representação de países em desenvolvimento.
  • Reafirmação do apoio à solução de dois Estados para o conflito entre Palestina e Israel.
  • Compromisso em ampliar o uso de moedas locais nas transações comerciais entre os países-membros.
  • Reforço à cooperação em tecnologia, infraestrutura, inteligência artificial e integração logística.
  • Apoio às aspirações do Brasil e da Índia por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Além disso, foram lançadas iniciativas concretas, como a Parceria do Brics para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas, focada em populações vulneráveis, e um plano conjunto de financiamento climático que estabelece uma meta de US$ 300 bilhões anuais até 2035. O Novo Banco de Desenvolvimento também se comprometeu a destinar 40% de seus financiamentos a projetos climáticos até 2026.

O que é e quem compõe o Brics?

O Brics é um fórum de articulação político-diplomática e cooperação multilateral formado por nações em desenvolvimento. Seus membros-fundadores, desde 2009, são Brasil, Rússia, Índia e China. A África do Sul ingressou em 2010, completando a sigla.

Atualmente, o grupo conta com 21 países, divididos entre membros efetivos e parceiros. A lista completa é:

Membros efetivos: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã (além dos cinco fundadores).

Países parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão.

O bloco funciona com uma presidência rotativa, onde cada país define eixos de discussão para o ano. Anualmente, os líderes se reúnem para debater essas prioridades e firmar uma declaração conjunta, como ocorreu no Rio em julho de 2024.