Plano de paz de Trump: 28 pontos que mudariam guerra na Ucrânia
Plano de paz de Trump para Ucrânia tem 28 pontos

Um controverso plano de paz com 28 pontos, elaborado por autoridades dos governos de Donald Trump e da Rússia, começou a circular nesta quarta-feira (19) como possível roteiro para encerrar a guerra na Ucrânia. A proposta, inspirada no plano de 21 pontos para Gaza, atende a demandas maximalistas de Moscou e representa uma significativa mudança de posição para Kiev.

Reações ao plano polêmico

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que espera discutir a proposta com Trump "nos próximos dias", enfatizando que qualquer acordo deve trazer uma "paz digna" com "respeito à nossa independência e soberania". A resposta cautelosa de Zelensky contrasta com a indignação de alguns funcionários de seu governo, que classificaram a proposta como uma "capitulação absurda" e o fim efetivo da Ucrânia como país independente.

Na quinta-feira (20), a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou a jornalistas que o presidente dos Estados Unidos apoia a proposta. "É um bom plano tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia", garantiu ela, rejeitando preocupações sobre termos desequilibrados. A porta-voz revelou que Steve Witkoff e o secretário de Estado Marco Rubio trabalharam "discretamente" na proposta por cerca de um mês.

Os principais pontos do acordo

O plano de 28 pontos prevê mudanças radicais no cenário geopolítico europeu. De acordo com documentos preliminares, a Ucrânia cederia a região de Donbass à Rússia, reconhecendo "de facto" a Crimeia, Luhansk e Donetsk como território russo. As regiões de Kherson e Zaporizhzhia teriam as linhas de frente "congeladas", dando aos russos o controle das terras que já ocupam.

No aspecto militar, o plano exige que a Ucrânia reduza seu exército para 600 mil soldados, quase metade do atual. A Otan concordaria em não enviar tropas ao país e a Ucrânia seria impedida de ingressar na aliança militar ocidental, consagrando em sua Constituição esta proibição.

Consequências geopolíticas

A proposta inclui a reintegração da Rússia à economia global após quase quatro anos de sanções, com sua readmissão no G8 (atual G7). Além disso, US$ 100 bilhões em ativos russos congelados seriam destinados à reconstrução da Ucrânia, enquanto os fundos restantes iriam para um fundo de investimento russo-americano.

O plano estabelece que a Ucrânia realizaria eleições em até 100 dias e que tanto Kiev quanto Moscou implementariam programas educacionais para promover "compreensão e tolerância a diferentes culturas". A usina nuclear de Zaporizhzhia, atualmente controlada por Moscou, passaria para supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica, com a energia produzida sendo dividida igualmente entre Rússia e Ucrânia.

A implementação do acordo seria monitorada por um Conselho de Paz presidido por Donald Trump, com penalidades por violação. Um cessar-fogo entraria imediatamente em vigor após a aceitação do memorando por todas as partes.