O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tomou uma medida inédita e solicitou formalmente um perdão presidencial enquanto seu julgamento por corrupção ainda está em andamento. O pedido foi feito no domingo, 30 de novembro de 2025, e gerou imediata repercussão política e social no país.
O pedido e a justificativa
Em uma carta endereçada ao presidente israelense, Isaac Herzog, os advogados de Netanyahu argumentaram que as frequentes aparições no tribunal estão prejudicando sua capacidade de governar o país. Eles defenderam que a concessão do perdão seria benéfica não apenas para o premiê, mas para toda a nação, permitindo que ele se concentrasse integralmente em suas funções executivas.
Netanyahu, que é o primeiro-ministro que mais tempo permaneceu no cargo na história de Israel, não admitiu culpa em seu pedido de perdão. Seus defensores mantêm a tese de que, se o processo judicial seguir até o fim, ele será completamente absolvido das acusações.
Reações políticas e protestos
O pedido dividiu a classe política israelense. Enquanto recebeu o apoio público do aliado próximo, o ex-presidente dos EUA Donald Trump, foi alvo de duras críticas da oposição. Políticos oposicionistas condicionaram qualquer possibilidade de perdão à aposentadoria de Netanyahu da vida política e a uma admissão de culpa por parte dele.
Naftali Bennett, ex-primeiro-ministro que liderou o governo que destituiu Netanyahu em 2021, afirmou que apoiaria o fim do julgamento apenas se o atual premiê concordasse em se retirar da política para "tirar Israel desse caos". Pesquisas indicam que Bennett é o favorito para liderar o próximo governo caso Netanyahu deixe o cargo.
Fora do tribunal de Tel Aviv, onde Netanyahu compareceu na segunda-feira, 1º de dezembro, um pequeno grupo de manifestantes se reuniu para protestar. Alguns vestiam macacões laranja, típicos de presidiários, e pediam a prisão do primeiro-ministro. Ilana Barzilay, uma das manifestantes, declarou ser inaceitável o pedido de perdão sem uma declaração de culpa ou assunção de responsabilidade.
Contexto legal e próximos passos
O processo contra Netanyahu é histórico. Ele foi indiciado em 2019 por acusações de corrupção, fraude e quebra de confiança, após anos de investigações. Seu julgamento começou em 2020 e ainda não tem data prevista para conclusão.
O pedido de perdão no meio de um julgamento não tem precedentes no sistema jurídico israelense. Normalmente, os perdões no país são concedidos apenas após a conclusão de todos os processos judiciais e uma eventual condenação definitiva.
O presidente Isaac Herzog, que recebeu o pedido, emitiu um comunicado na segunda-feira reconhecendo que a solicitação "provocou debate e deixou muitos israelenses inquietos". Ele prometeu que o caso "será tratado da maneira mais correta e precisa", sem adiantar qual será sua decisão.
Enquanto aguarda a resposta presidencial, Netanyahu segue no poder, com eleições nacionais programadas para ocorrer até outubro de 2026. O desfecho desse pedido de perdão pode redefinir não apenas o futuro político do premiê, mas também os parâmetros da justiça e da governabilidade em Israel.