Conflito diplomático entre México e EUA sobre intervenção militar
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, reafirmou com veemência nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, sua posição contrária a qualquer tipo de intervenção militar dos Estados Unidos em território mexicano. A declaração ocorre como resposta direta às afirmações do presidente americano, Donald Trump, que sugeriu a possibilidade de lançar ataques contra cartéis de drogas no México.
Durante coletiva de imprensa no Palácio Nacional, Sheinbaum fez referência histórica para justificar sua posição: "Da última vez que os Estados Unidos intervieram no México, tomaram metade do território", lembrou a líder mexicana, em clara alusão às perdas territoriais mexicanas durante a Guerra Mexicano-Americana no século XIX.
Trump retoma discurso de guerra às drogas
O republicano Donald Trump, que retomou o discurso de "guerra às drogas" e endureceu a postura contra o narcotráfico, havia declarado na segunda-feira, 17 de novembro, que não descartava nenhuma medida para conter o fluxo de drogas do México em direção aos Estados Unidos.
Trump afirmou considerar repetir no país vizinho as ações extrajudiciais que autorizou no Pacífico e no Caribe, onde embarcações suspeitas de transportar drogas foram atacadas. As operações, realizadas principalmente próximo à costa da Venezuela, resultaram na morte de 66 pessoas. Até o momento, não foram divulgadas evidências concretas que comprovem o tráfico de entorpecentes nestes casos.
EUA tentam acalmar ânimos com comunicado oficial
Horas após as declarações polêmicas de Trump, a embaixada americana no México divulgou um comunicado do secretário de Estado, Marco Rubio, buscando acalmar os ânimos e descartando qualquer operação sem autorização do governo mexicano.
"Não vamos tomar nenhuma ação unilateral, nem entrar ou enviar forças americanas para o México, mas podemos ajudá-los com equipamentos, treinamento, compartilhamento de informações e todo tipo de coisa que poderíamos fazer se eles pedirem — eles precisam pedir", afirmou Rubio no comunicado oficial.
Apesar das tentativas de acalmar a situação, Sheinbaum deixou claro que mantém diálogo permanente com Trump, mas que qualquer tipo de colaboração terá limites bem definidos. Segundo a presidente mexicana, todas as conversas com autoridades em Washington deixam evidente que a parceria deve ocorrer com respeito à soberania, à integridade territorial e sem subordinação.
"Não é que não queiramos apoio, mas não com tropas estrangeiras", reforçou Sheinbaum, estabelecendo os parâmetros da cooperação entre os dois países vizinhos.
O episódio representa mais um capítulo tenso nas relações entre México e Estados Unidos, com a soberania nacional mexicana sendo defendida vigorosamente pela atual administração contra qualquer possibilidade de intervenção militar estrangeira.