Maduro critica fixação de Trump na Venezuela e acusa EUA de pirataria
Maduro responde a Trump: 'Foque nos EUA, não na Venezuela'

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disparou críticas ao seu homólogo norte-americano, Donald Trump, nesta segunda-feira, 22 de dezembro de 2025. Em meio a uma crescente pressão militar dos Estados Unidos no Caribe, Maduro afirmou que Trump "estaria melhor" se focasse nos problemas internos de seu próprio país, em vez de dedicar grande parte de seus discursos à situação venezuelana.

Críticas em rede nacional e lembrança de conversa "cordial"

Durante um evento transmitido pela televisão estatal venezuelana, Maduro questionou a suposta fixação do líder americano. "Não é possível que 70% dos seus discursos e declarações sejam [sobre] a Venezuela", declarou, sugerindo que o presidente dos EUA deveria voltar sua atenção para questões domésticas. Curiosamente, Maduro fez referência a uma conversa telefônica que classificou como "cordial", ocorrida em 21 de novembro, entre os dois mandatários.

O tom do presidente venezuelano contrasta com as recentes ameaças públicas feitas por Trump, que nesta mesma segunda-feira afirmou que a coisa mais "inteligente" que Maduro poderia fazer seria renunciar. "Se ele quiser bancar o durão, será a última vez", ameaçou o presidente americano, elevando a tensão entre as duas nações.

Protestos em Caracas e acusações de pirataria

As declarações de Maduro ocorreram no mesmo dia em que dezenas de motociclistas tomaram as ruas de Caracas em um protesto organizado. Os manifestantes, muitos vestidos com trajes e chapéus de pirata, repudiaram a apreensão de navios petroleiros venezuelanos pela marinha dos Estados Unidos.

A ação militar americana, que resultou no confisco de dois petroleiros desde 10 de dezembro, faz parte de um amplo destacamento militar no Caribe ordenado por Trump. O governo de Washington justifica a movimentação como parte de operações contra o tráfico de drogas. No entanto, Caracas rejeita essa versão e classifica as apreensões como atos de pirataria internacional.

Manuel Rincón, um dos participantes da carreata, resumiu o sentimento dos manifestantes à agência de notícias AFP: "Saímos para repudiar o maior pirata do Caribe". Faixas em inglês com frases como "no war, yes peace" (não à guerra, sim à paz) e ilustrações do rosto de Trump vestido como pirata eram exibidas durante o protesto.

Discurso de resistência e preparação para o conflito

O clima entre os apoiadores do governo Maduro é de resistência. Luis Rojas, outro manifestante que percorreu cerca de 20 quilômetros na caravana, deixou claro o posicionamento: "Eles estão nos invadindo, estão tomando o que é nosso e levando para lá. Somos um país de paz, mas estamos preparados para a guerra". A fala reflete a narrativa oficial de que o objetivo final das ações militares norte-americanas é a derrubada do governo chavista.

Maduro insiste que o destacamento militar no Caribe tem motivações políticas, direcionadas contra seu mandato. Enquanto isso, os protestos em Caracas, com seus símbolos de caveira e ossos cruzados, buscam capitalizar o sentimento anti-imperialista e consolidar o apoio interno em um momento de alta tensão internacional.

A situação configura um novo capítulo na já conturbada relação entre os dois países, com retórica inflamada de ambos os lados e uma presença militar significativa dos EUA nas proximidades do território venezuelano, aumentando os temores de uma escalada do conflito.