Plano de Maduro: Delcy Rodríguez na presidência interina barrada por Trump
Maduro queria deixar vice no poder, mas Trump recusou

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, elaborou uma estratégia de saída que incluía a transferência do poder, de forma temporária, para sua vice-presidente, Delcy Rodríguez. No entanto, o plano foi rejeitado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma conversa de quinze minutos entre os dois líderes. A informação, revelada em dezembro de 2025, mostra um momento crucial na pressão internacional sobre o regime chavista.

O plano rejeitado e os operadores do poder

Segundo a reconstituição do diálogo, Maduro se considerava esperto ao idealizar uma transição onde ele deixaria a presidência, mas seria substituído por sua leal vice, Delcy Rodríguez, em caráter interino. A ela caberia convocar novas eleições. A proposta, porém, encontrou um "não" direto de Donald Trump.

Esse momento de possível negociação parece ter ficado para trás após o deslocamento de uma grande força naval americana para o Caribe, com a missão declarada de acabar com a era chavista, "por bem ou por mal". Enquanto Maduro ainda pode negociar um exílio, outras figuras-chave do regime enfrentam um futuro incerto, com possíveis processos judiciais e o repúdio da população.

O cerco se estreita para a cúpula bolivariana. Maduro, numa jogada que facilitou a identificação de seus principais aliados pelos EUA, nomeou um novo "burô político" com doze nomes para assumir a direção do país. A lista é encabeçada por Diosdado Cabello, ministro do Interior, que agora também é secretário-geral desse comitê e tem uma recompensa de 25 milhões de dólares oferecida pelos Estados Unidos por sua captura.

As figuras em evidência e os símbolos de riqueza

O irmão de Delcy, Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional, foi nomeado subsecretário do burô. A esposa de Maduro, Cília Flores, assumiu o cargo de secretária de Estratégia. Conhecida como "primeira companheira", seu visual – cabelos longos alisados, óculos de grife e roupas vermelhas – é compartilhado por outras mulheres no topo do chavismo, como a própria Delcy.

O gosto por artigos de luxo, no entanto, pode se tornar um problema. Cília Flores é famosa por sua coleção de bolsas caras, incluindo modelos de marcas como Chanel e Dolce & Gabbana, exibidos em viagens internacionais. Esses detalhes são anotados por opositores e podem ser usados como prova de enriquecimento ilícito no futuro.

Delcy Rodríguez, nomeada secretária de Produção e Finanças no novo esquema, já é alvo de sanções internacionais. Em 2020, um episódio conhecido como "Delcygate" chamou a atenção: seu avião, com matrícula turca, pousou no aeroporto de Barajas, em Madrid, mas ela não pode descer devido às sanções da União Europeia. A bordo, encontrou-se com o então ministro do Turismo da Espanha e comandou a venda de 104 barras de ouro no valor de 68,5 milhões de dólares a empresários espanhóis.

O cenário internacional e o futuro incerto

O isolamento do regime se intensifica. A Rússia começou a retirar do país não só turistas, mas também cidadãos ligados à sua extensa presença na Venezuela, incluindo instrutores militares. Para o capitão Javier Nieto Quintero, líder de militares exilados, a participação de Rússia e Cuba na "destruição institucional" do país justificaria uma intervenção militar estrangeira, como a ameaçada pelos EUA.

O debate internacional gira em torno da legalidade de tal ação. O tráfico de drogas em larga escala, patrocinado pelo regime de Maduro, segundo acusações, seria uma justificativa legalmente válida para uma intervenção. Enquanto isso, o presidente brasileiro Lula tentou uma abordagem diferente em conversa com Trump, pedindo o fim de tarifas e reforçando o combate ao crime organizado internacional.

O grande desafio, porém, será o pós-Maduro. Os Estados Unidos terão a enorme responsabilidade de evitar o caos em um país já devastado por 25 anos de chavismo e madurismo, onde a miséria é extrema e as rotas de fuga, como o pedido de asilo, estão sendo fechadas.

Enquanto isso, Maduro tenta projetar uma imagem de normalidade, aparecendo em eventos públicos dançando. Por trás da fachada, segundo o New York Times, ele dorme em um local diferente a cada noite, sob proteção total de agentes cubanos. A pergunta que fica é se, no desespero final, ele tentará passar a bomba para as mãos de sua vice, Delcy Rodríguez, que até recentemente bradava: "Império, selvagem e bárbaro, não se meta na Venezuela". O futuro dirá se ela terá a chance de fazer novos discursos ou se estará, como outros, pensando no que colocar na bagagem para uma fuga.