Presidente venezuelano celebra com estudantes e confronta tensão internacional
Em um ambiente de festa e descontração, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, marcou presença em um evento com centenas de estudantes que comemoravam o Dia do Estudante. Acompanhado de sua esposa, o líder venezuelano não hesitou em demonstrar seu entusiasmo, dançando ao ritmo de música eletrônica perante a plateia juvenil.
O momento de celebração, no entanto, foi também palco para declarações políticas contundentes. Maduro afirmou publicamente que "as ameaças" provenientes dos Estados Unidos não seriam capazes de detê-lo, em referência direta à crescente tensão diplomática entre os dois países.
Contexto militar e acusações mútuas
A situação geopolítica que envolve a Venezuela e os Estados Unidos tem se intensificado significativamente desde agosto, quando os norte-americanos iniciaram a mobilização de uma flotilha de navios de guerra. Esta frota militar foi posteriormente reforçada pelo maior porta-aviões do mundo, aumentando consideravelmente o poderio bélico na região.
Enquanto o governo estadunidense justifica as manobras como parte de uma operação para conter o narcotráfico, a Venezuela interpreta essas ações como uma "ameaça militar letal" com o objetivo declarado de derrubar Maduro do poder.
Durante seu discurso animado, o presidente venezuelano exclamou: "É sexta-feira, e o que acontece na sexta-feira? E o que vamos fazer hoje? A Venezuela em paz, sexta-feira à noite se declara em festa total, festa, festa, festa! É sexta-feira e eu vou para a festa! E ninguém me para! Música!".
Apelo pela paz e inusitada participação musical
Em um movimento incomum, Maduro fez um apelo direto aos universitários venezuelanos, pedindo que estabeleçam contato com movimentos estudantis dos Estados Unidos para exigir o fim das hostilidades. "Parem a guerra, não à guerra, a Venezuela quer paz", declarou o presidente enfaticamente.
O fundo musical do evento trouxe uma surpresa: uma batida eletrônica que incluía frases em inglês gravadas pelo próprio Maduro. Na composição, era possível ouvir a voz do presidente repetindo: "No war, no crazy war, peace, peace, yes, peace", enquanto ele dançava e vibrava com os estudantes.
Este não é o primeiro momento em que Maduro arrisca frases em inglês durante a crise com os Estados Unidos. Recentemente, ele tem insistido em pedir para que não haja "uma guerra maluca" ("no crazy war") e repetido frequentemente a palavra "peace", que significa "paz".
Posicionamento estudantil e operação antidrogas
Estudantes presentes no evento manifestaram seu apoio ao governo e sua rejeição às ameaças americanas. Isabel Cupare, estudante de Direito, afirmou à AFP que "Eles só querem uma desculpa para invadir". Já Eudorangel Tayupe, de 19 anos e aluno de Administração, completou: "Rejeitamos totalmente as ameaças americanas. A juventude venezuelana não quer guerra".
A operação antidrogas conduzida pelos Estados Unidos já resultou em mais de 80 mortos em aproximadamente 20 ataques contra supostas "narcolanchas". Tanto o governo venezuelano quanto especialistas das Nações Unidas classificam essas ações como "execuções extrajudiciais".
Paralelamente, o governo de Donald Trump estuda declarar o chamado Cartel de los Soles, que supostamente ligaria Maduro ao narcotráfico, como organização terrorista. Esta medida poderia abrir precedente para uma ação militar, embora o presidente republicano tenha demonstrado disposição para o diálogo.
O evento com os estudantes mostrou um Maduro confiante e descontraído, mas também determinado em enfrentar o que considera ser uma ameaça externa à soberania de seu país, enquanto busca apoio tanto nacional quanto internacional para sua posição pacifista.