O promotor Peter Skandalakis, do estado da Geórgia, determinou o arquivamento do último processo pendente contra o presidente Donald Trump por tentativa de interferência nas eleições presidenciais de 2020. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira, 26 de novembro de 2025, encerrando uma batalha jurídica que se estendia desde agosto de 2023.
Os detalhes do caso e as acusações originais
As acusações de extorsão foram formalizadas contra Trump e outras 18 pessoas pela promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, em agosto de 2023. A investigação havia sido aberta no início de 2021 e se concentrava nos esforços do ex-presidente para pressionar autoridades da Geórgia a interferir na contagem dos votos.
O caso incluía as alegações sobre um suposto esquema de "eleitores falsos" para subverter o Colégio Eleitoral. Um dos momentos mais emblemáticos foi o telefonema divulgado pelo jornal The Washington Post, no qual Trump pedia ao secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, que "encontrasse" 11.780 votos - um a mais do que ele precisava para reverter sua derrota no estado.
As razões jurídicas para o arquivamento
Em sua decisão, Skandalakis apresentou argumentos técnicos e práticos para justificar o arquivamento. Ele destacou a complexidade das questões jurídicas envolvidas, que incluíam desde questões constitucionais e a Cláusula de Supremacia até imunidade, jurisdição, foro e preocupações com o julgamento célere.
O promotor projetou que, mesmo se todas as questões fossem resolvidas a favor do Estado, levar o caso a júri entre 2029 e 2031 seria "um feito notável". Skandalakis também considerou a possibilidade de julgar primeiro os co-réus enquanto Trump ainda estivesse no poder, mas descartou a ideia por considerá-la "ilógica, excessivamente onerosa e custosa para o Estado e para o Condado de Fulton".
Consequências políticas e jurídicas
Com esta decisão, Donald Trump conseguiu escapar de todos os processos judiciais que tentavam responsabilizá-lo por buscar reverter o resultado das eleições de 2020, que elegeram o democrata Joe Biden para a Casa Branca.
O caso da Geórgia era considerado o mais provável a ter um desfecho negativo para Trump, já que se tratava de acusações estaduais - não federais, que são passíveis de perdão presidencial. Os outros processos federais, movidos pelo procurador especial Jack Smith, sobre tentativas de interferência eleitoral que culminaram na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, e sobre o manuseio indevido de documentos confidenciais, já haviam sido arquivados anteriormente.
Skandalakis enfatizou que sua decisão não foi guiada por agenda política, mas baseada em suas "crenças e compreensão da lei". Ele lembrou sua trajetória como ex-funcionário eleito que concorreu tanto pelo Partido Democrata quanto pelo Partido Republicano, e atualmente atua como Diretor Executivo de uma agência apartidária.