O líder norte-coreano, Kim Jong-un, realizou uma visita de inspeção a uma fábrica de submarinos de propulsão nuclear, onde foi fotografado ao lado de um submarino estratégico de mísseis guiados de 8.700 toneladas. O evento ocorreu em meio a uma troca de mensagens com o presidente russo, Vladimir Putin, que elogiou a "amizade inabalável" entre os dois países.
Visita estratégica e demonstração de força
As imagens divulgadas pela agência estatal KCNA, na quarta-feira, 25 de dezembro de 2025, mostram Kim Jong-un caminhando em uma plataforma de montagem coberta, ao lado do imenso submarino. Ele estava acompanhado por funcionários e por sua filha, Kim Ju Ae, frequentemente vista em eventos oficiais e considerada uma potencial herdeira no regime.
Durante a inspeção, Kim criticou veementemente os recentes esforços da Coreia do Sul, que recebeu autorização do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante visita em outubro, para desenvolver seus próprios submarinos. O líder norte-coreano classificou a iniciativa como uma "ameaça que deve ser contra-atacada".
Além disso, Kim Jong-un detalhou um plano abrangente de modernização da marinha norte-coreana e foi informado sobre pesquisas em andamento para o desenvolvimento de "novas armas submarinas secretas". A visita reforça o foco do país em capacidades navais de alto nível, um campo onde poucas nações no mundo detêm tecnologia, considerada um dos segredos militares mais sensíveis.
Putin e a "fraternidade militante" na Ucrânia
No mesmo dia da divulgação das imagens, a KCNA noticiou o conteúdo de uma mensagem enviada por Vladimir Putin a Kim Jong-un na semana anterior. Na carta, o presidente russo afirmou que os esforços "heroicos" dos soldados norte-coreanos na região russa de Kursk demonstraram a "fraternidade militante" entre Moscou e Pyongyang.
Esta troca ocorre no contexto de uma aproximação crescente entre os dois países desde o início da invasão russa da Ucrânia, há quase quatro anos. De acordo com agências de inteligência sul-coreanas e ocidentais, a Coreia do Norte enviou milhares de soldados para lutar ao lado das forças russas.
Estimativas das autoridades sul-coreanas indicam que quase 2.000 militares norte-coreanos morreram no conflito, com outros milhares ficando feridos. Em troca do apoio militar, analistas internacionais acreditam que a Rússia fornece à Coreia do Norte ajuda financeira, tecnologia militar e suprimentos essenciais, como alimentos e energia.
Testes de mísseis e tensão regional
O anúncio da visita ao submarino e da mensagem de Putin coincidiu com mais uma demonstração de força militar norte-coreana. A KCNA informou que Kim Jong-un também supervisionou, na quarta-feira, o teste de "mísseis antiaéreos de longo alcance" sobre o Mar do Japão.
Essa sequência de eventos – a visita a um projeto naval de ponta, a troca de elogios com um aliado estratégico em um conflito ativo e a realização de novos testes de mísseis – sinaliza uma postura ofensiva e assertiva da Coreia do Norte no cenário internacional. A ação serve como uma resposta direta às movimentações de Seul e Washington e solidifica ainda mais o eixo de cooperação com a Rússia, desafiando as sanções e o isolamento impostos pela comunidade internacional.
A presença constante de Kim Ju Ae ao lado do pai em ocasiões de alto perfil militar e diplomático continua a alimentar especulações sobre a sucessão no comando do regime, acrescentando uma camada de análise de longo prazo às já complexas dinâmicas de segurança na Península Coreana.