Processo por interferência eleitoral é arquivado na Geórgia
O sistema judicial da Geórgia decidiu arquivar nesta quarta-feira (26) o processo criminal movido contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por tentativa de interferência nas eleições presidenciais de 2020. A decisão representa mais um capítulo na série de batalhas legais enfrentadas pelo líder republicano.
De acordo com documentos judiciais consultados pela agência Reuters, um juiz estadual aceitou o pedido de arquivamento das 39 acusações contra Trump e seus aliados. As acusações incluíam associação criminosa e outras relacionadas à suposta tentativa de reverter a derrota do republicano para Joe Biden no estado-chave da Geórgia.
Promotor pediu arquivamento por ser "improdutivo"
O promotor Peter Skandalakis, que assumiu o caso após a desqualificação da promotora original Fani Willis, solicitou formalmente o arquivamento de todas as acusações. Em sua argumentação, Skandalakis afirmou que levar o caso adiante seria "improdutivo" nas atuais circunstâncias.
"Reconheço que, dadas as profundas divisões políticas em nosso país, essa decisão não será popular para todos", escreveu o promotor em documento oficial. Skandalakis substituiu Willis no início deste mês depois que ela foi desqualificada do caso no ano passado.
Defesa de Trump comemora decisão
Steve Sadow, advogado de Donald Trump, elogiou publicamente a decisão do tribunal. O advogado afirmou que o caso nunca deveria ter sido apresentado em primeiro lugar, considerando a natureza das acusações.
Este era um dos quatro processos criminais enfrentados por Trump desde sua derrota eleitoral para Biden em 2020. Dos quatro casos, apenas um - relacionado ao pagamento à atriz pornô Stormy Daniels durante a campanha de 2016 - chegou efetivamente a julgamento.
Os demais processos foram arquivados ou paralisados em novembro de 2024, poucos dias após Trump ser eleito para um novo mandato na Casa Branca. Além disso, o ex-presidente já gozava de imunidade parcial no caso da Geórgia devido a uma decisão da Suprema Corte dos EUA de julho de 2024.
Contexto do caso de interferência eleitoral
A investigação que originou as acusações começou em fevereiro de 2021, após o vazamento de um áudio de um telefonema entre Trump e Brad Raffensperger, secretário estadual da Geórgia. Na gravação, Trump pressionou o funcionário por uma recontagem para "encontrar 11.780 votos".
"O que eu quero fazer é o seguinte: eu só quero encontrar 11.780 votos. Que é 1 a mais do que temos, já que ganhamos no estado", disse Trump na gravação, sem apresentar provas para sustentar sua alegação de vitória no estado.
Joe Biden acabou sendo declarado oficialmente vencedor na Geórgia, um dos estados decisivos na eleição presidencial de 2020. O caso enfrentou várias complicações processuais, incluindo tentativas da defesa de desqualificar a promotora Fani Willis por um suposto relacionamento com Nathan Wade, o promotor que ela havia nomeado para o caso.
Apesar das controvérsias, Willis foi autorizada pela Justiça a permanecer no caso, enquanto Wade teve que ser afastado do processo. A condução do caso continua sendo questionada judicialmente, mesmo após o arquivamento das acusações contra Trump e seus aliados.