A crise diplomática entre China e Japão atingiu um novo patamar nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, com ambos os países emitindo alertas de segurança para seus cidadãos. O conflito se intensificou após declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre Taiwan.
Origens da tensão bilateral
A escalada começou quando Sanae Takaichi, que assumiu o cargo há menos de um mês, fez declarações consideradas explosivas sobre Taiwan perante o Parlamento japonês. Ela afirmou que um eventual ataque chinês à ilha poderia desencadear uma resposta militar do Japão caso representasse uma ameaça à segurança nacional.
Essas declarações provocaram a mais séria crise diplomática em anos entre as duas maiores economias da Ásia. A China, que considera Taiwan parte integrante de seu território, reagiu imediatamente às palavras da premiê japonesa.
Medidas de segurança e retaliações
Em resposta às tensões, a embaixada do Japão em Pequim emitiu um alerta de segurança para seus cidadãos na China na segunda-feira. As recomendações incluem:
- Respeitar os costumes locais
- Manter atenção ao entorno em áreas públicas
- Evitar andar sozinho
- Ter cuidado extra ao acompanhar crianças
- Afastar-se imediatamente de pessoas ou grupos suspeitos
Do outro lado, a China desaconselhou viagens ao Japão e mais de 10 companhias aéreas chinesas, incluindo Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines, ofereceram reembolsos para voos com destino ao território japonês até 31 de dezembro.
Impactos econômicos imediatos
As medidas já começam a afetar a economia japonesa. Os turistas chineses representam quase um quarto de todos os visitantes estrangeiros no Japão, segundo dados oficiais. Com as restrições, ações de empresas japonesas ligadas ao turismo despencaram.
Além do setor turístico, distribuidoras chinesas suspenderam a exibição de pelo menos dois filmes japoneses: a animação "Crayon Shin-chan the Movie: Super Hot! Scorching Kasukabe Dancers" e o filme baseado no mangá "Cells at Work!".
A ministra da Segurança Econômica do Japão, Kimi Onoda, alertou sobre os riscos da dependência econômica: "Se dependermos demais de um país que recorre à coerção econômica no momento em que algo o desagrada, isso cria riscos não apenas para as cadeias de suprimentos, mas também para o turismo".
Tentativas de diálogo e impasse
Um alto funcionário do governo Takaichi se reuniu com diplomatas em Pequim nesta terça-feira para tentar amenizar a tensão, mas sem avanços iminentes. O Ministério das Relações Exteriores da China exigiu que a premiê se retratasse, mas o porta-voz do governo japonês, Minoru Kihara, descartou a possibilidade.
"Os comentários não alteraram a posição atual do governo", afirmou Kihara em coletiva de imprensa, reiterando que o Japão espera que as questões relativas a Taiwan sejam resolvidas pacificamente por meio do diálogo.
A cúpula do G20 desta semana na África do Sul poderia oferecer uma oportunidade para negociações, mas a China já informou que seu primeiro-ministro não tem planos de se encontrar com Takaichi. A líder japonesa, por sua vez, afirmou que nada foi decidido sobre reuniões bilaterais, mas manteve a porta aberta para "vários diálogos" com Pequim.
Enquanto isso, os chefes das três federações empresariais japonesas se reuniram com Takaichi na segunda-feira e pediram diálogo para resolver a tensão diplomática, destacando que "a estabilidade política é um pré-requisito para o intercâmbio econômico".
