Primeira-dama rebate declarações do chanceler alemão sobre Belém
A primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, reagiu com veemência às declarações do chanceler alemão Friedrich Merz sobre Belém, cidade que sediará a COP30 em 2025. Em entrevista à CNN Brasil nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, Janja classificou como "infeliz" e "mal colocada" a fala do político alemão, que afirmou ter ficado "feliz" em deixar "aquele lugar" e retornar à Alemanha.
"Ele não viveu a COP", afirma Janja
Janja argumentou que o chanceler alemão não experimentou verdadeiramente a conferência climática. "Acho que ele não viveu a COP. Ele chegou aqui, entrou em uma sala com ar-condicionado e não viveu a COP", disse a primeira-dama. Ela destacou que a proposta de realizar o evento na Amazônia tinha como objetivo principal permitir que os participantes vivenciassem o território amazônico.
Enquanto Merz manifestava sua insatisfação, o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Carsten Schneider, publicou mensagem elogiando o Brasil. Sem citar diretamente o chanceler, Schneider descreveu o país como "maravilhoso" e os brasileiros como "acolhedores e bons anfitriões". O ministro alemão ainda expressou desejo de permanecer mais tempo: "Pena que não poderei ficar mais tempo após a COP. Teria algumas ideias, por exemplo, pescar com os meus amigos da Amazônia".
Reação de políticos brasileiros
A declaração do chanceler alemão gerou repúdio entre autoridades brasileiras. O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), qualificou as palavras de Merz como preconceituosas. "A fala dele não representa o que a maioria da população do mundo inteiro tem achado da nossa cidade. Por onde a gente anda, muita gente encantada por Belém", afirmou Normando.
Eduardo Paes (PSD), chefe do Poder Executivo do Rio de Janeiro, foi ainda mais contundente em suas críticas, referindo-se ao político alemão como "filhote de Hitler" e "nazista".
As polêmicas declarações ocorreram durante discurso de Friedrich Merz em evento da Confederação de Comércio alemã, realizado em Berlim na quinta-feira, 13 de novembro. O político cristão-democrata relatou que perguntou a jornalistas alemães que o acompanhavam no Brasil: "Quem de vocês gostaria de ficar aqui?", e afirmou que nenhum deles levantou a mão.
O episódio revela as tensões diplomáticas que podem surgir durante os preparativos para grandes eventos internacionais, especialmente quando envolvem percepções culturais e avaliações sobre cidades-sede de conferências globais.
