EUA interceptam navios e carregamento de petróleo na Venezuela cai
Interceptações dos EUA afetam exportações de petróleo venezuelano

As exportações de petróleo da Venezuela sofreram uma forte queda nesta segunda-feira, 22 de dezembro de 2025. O movimento ocorre após uma série de interceptações de navios pela Guarda Costeira dos Estados Unidos e em meio aos esforços da estatal PDVSA para se recuperar de um ataque cibernético.

Interceptações e bloqueio anunciado por Trump

A Guarda Costeira dos EUA apreendeu neste mês um superpetroleiro sob sanções que transportava petróleo venezuelano. No último fim de semana, as autoridades norte-americanas tentaram interceptar mais duas embarcações relacionadas ao país sul-americano.

Um dos navios alvo está vazio e sob sanções dos EUA, enquanto o outro é um petroleiro não sancionado, totalmente carregado e com destino à China. Washington não forneceu informações atualizadas sobre o status desses navios.

A ação faz parte de uma campanha de pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o governo de Nicolás Maduro. Na semana passada, Trump anunciou um bloqueio a todos os petroleiros sob sanções que entram e saem da Venezuela. A estratégia inclui aumento da presença militar na região e mais de duas dezenas de ataques a embarcações suspeitas de tráfico de drogas, que resultaram em pelo menos 100 mortes.

Impacto direto na PDVSA e no mercado

As interceptações representam o golpe mais duro contra a PDVSA desde 2020, quando sanções do Tesouro dos EUA atingiram suas antigas empresas comerciais e unidades da russa Rosneft. Agora, o cenário se repete com força.

Dados de rastreamento mostram que a maioria dos navios agora opera apenas entre portos domésticos venezuelanos. O número de navios-tanque carregados que não partiram aumentou, deixando milhões de barris de petróleo presos. Clientes internacionais passaram a exigir descontos e mudanças contratuais para aceitar os riscos das viagens.

Até esta segunda-feira, a PDVSA havia conseguido entregar uma carga de 1,9 milhão de barris de petróleo pesado ao navio sancionado Azure Voyager, de bandeira de Aruba. No entanto, documentos internos da empresa não mostram previsão de novos carregamentos de superpetroleiros com destino à Ásia no curto prazo.

No mercado internacional, as ações dos EUA e a guerra da Rússia contra a Ucrânia alimentaram temores sobre o fornecimento. Os futuros do petróleo Brent subiram 2,17%, para US$ 61,78 o barril, enquanto o WTI dos EUA avançou 2,2%, para US$ 57,77.

Ataque cibernético e reações internacionais

Além da pressão externa, a PDVSA enfrenta uma crise interna. A empresa ainda se recupera lentamente de um ataque cibernético ocorrido na semana passada, restaurando sistemas online e usando registros escritos. O sistema administrativo centralizado não foi totalmente restabelecido, e muitas fontes relatam atrasos no pagamento de salários.

A PDVSA e o Ministério do Petróleo da Venezuela não se pronunciaram sobre os recentes eventos. No entanto, o chanceler Yvan Gil classificou as apreensões dos EUA como "atos de pirataria" e uma violação do direito internacional. A China, destino de parte do petróleo venezuelano, também emitiu uma nota condenando as interceptações norte-americanas.

Em meio ao caos, a Chevron, principal parceira de joint-venture da PDVSA, continua suas operações com autorização dos EUA. A empresa exportou uma carga de 500 mil barris de petróleo venezuelano no domingo para a Costa do Golfo dos EUA. Somente neste mês, foram sete cargas, cada uma com entre 300 mil e 500 mil barris.